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‘’A urna eletrônica é segura e auditável. O que torna as eleições no Brasil contestáveis são o abuso do poder econômico, a corrupção eleitoral, a compra de voto e as fake news’”. A declaração foi feita pelo advogado Carlos Sérgio de Carvalho Barros, pós-graduado em direito eleitoral, em entrevista ao Jornal Tambor, ao afirmar que as acusações do presidente Jair Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seriam absurdas.

Segundo Carlos Sérgio, a urna eletrônica representa ‘’um grande avanço’’ em relação a época em que as cédulas eram de papel e as urnas de lona. Nesse contexto, conforme o advogado, além da fraude, o processo eleitoral tinha uma média de 15% de votos nulos. Hoje esse índice está em torno de 6%, ressaltou.

Explicou Carlos Sérgio que a urna eletrônica não é integrada à internet e que não é possível acessá-la por meio de outros equipamentos. As auditagens realizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os partidos e especialistas em tecnologia são permanentes, disse.

Afirmou o advogado que uma das estratégias utilizadas pela Justiça Eleitoral para verificar a segurança dos aparelhos é a votação paralela. Nas vésperas das eleições, algumas urnas são sorteadas, simulam a votação e depois são checadas para saber se o resultado é compatível com aquele que as pessoas haviam manifestado. Até hoje, não foram encontradas divergências, observou.

“Além disso” – disse -, “o equipamento imprime o Boletim de Urna (BU), um relatório detalhado com todos os votos digitados no aparelho. Cada fiscal de partido e representante de seção eleitoral fica com uma cópia desse resultado. Outra cópia do arquivo é enviada para que a Justiça Eleitoral possa fazer a apuração e totalização dos votos”.

Carlos Sérgio lamentou ‘’o grande retrocesso e a instabilidade política’’ causada pelos que afirmam, sem provas, que as urnas eletrônicas não são seguras e atacam as autoridades eleitorais.

Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral abriu um inquérito administrativo para apurar os ataques do presidente Jair Bolsonaro à Corte e pediu a inclusão dele no inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF).

No último dia 5, uma comissão especial da Câmara rejeitou o voto impresso. Em referência a Bolsonaro, Carlos Sergio afirmou que ‘”o artificio de contestar as urnas eletrônicas é uma tentativa de tumultuar o processo eleitoral por quem já sabe que vai ser derrotado. Isso parece mais uma discussão para impedir que a sociedade brasileira esteja discutindo outros assuntos’’, enfatizou.

O advogado espera que ‘’esse processo de questionamento das urnas traga algo de bom no sentido de aperfeiçoar e combater todo tipo de fraude, não só no voto, mas principalmente do abuso do poder econômico e poder político’’.

E ressaltou que ‘’isso sim precisa ser discutido para que as classes populares sejam devidamente representadas e os políticos possam atender aos seus anseios’’. (Com Emílio Azevedo e Paulo Vinicius Coelho – Agência Tambor)