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O empresário e filantropo Jorge Paulo Lemann, sócio da 3G Capital e criador das fundações Estudar e Lemann, disse que o Brasil vai precisar de investimentos da ordem de US$ 15 bilhões para ampliar a conectividade e, com isso, impulsionar o ensino a distância.

Em conferência online organizada por estudantes brasileiros das universidades de Stanford e Berkeley, na Califórnia (EUA), Lemman disse ainda que, para melhorar o acesso à internet em escala mais ampla no país, será necessária ação do governo e do BNDES.

Lemann disse que a pandemia de coronavírus está acelerando o interesse pelo aprendizado on-line, durante debate com Sal Khan, fundador Khan Academy, conhecida por promover a educação mediada por tecnologia.

“Há uma conversa de que o ensino on-line só é acessível para alunos de escolas privadas e melhores. Isso pode ser uma problema atual, mas à medida que a conectividade melhorar, o nivelamento vai crescer. Estou otimista. É importante que professores que estejam prontos para usar a internet”, afirmou o empresário.

Khan ressaltou que o problema da conectividade não é uma particularidade do Brasil. “Nos Estados Unidos, muitos distritos tem entre 20% e 30% da população sem acesso à internet. Provavelmente estes já estão ficando atrás nos estudos”, disse.

Para Khan, o aprendizado on-line não vai substituir completamente o presencial após a pandemia. “Há uma forma de usar os dois formatos. Podemos ter uma boa tecnologia servindo um professor incrível”, afirmou. Ele projeta que, em 10 anos, a Khan Academy vai ter 1 bilhão de usuários. No Brasil, há hoje 4 milhões de pessoas usando a ferramenta.

O empresário brasileiro disse que a educação é a única forma do Brasil superar suas lacunas sociais. “Quanto mais tecnologia pudermos usar, mais vamos reduzir essas diferenças sociais”, afirmou.

Lemann diz que não se preocupa com o fato de que o aprendizado on-line possa reduzir, em nível muito acentuado, o contato humano. “Muitas pessoas reclamam que os jovens só ficam olhando o telefone. Mas está tudo bem, eles se encontram de uma forma diferente, sempre vão procurar contato humano”, disse.

Segundo Lemann, o mundo todo está descobrindo que se pode ter muitas reuniões sem precisar ir ao escritório ou viajar. “Com isso, vamos ter mais tempo para outros tipos de contato social”, disse. (Marina Falcão – Valor Econômico)