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Em entrevista à CNN Internacional, nessa quarta-feira, 13, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro na condução da crise provocada pelo novo coronavírus no Brasil.

“Não consegui obviamente lidar com ele falando para as pessoas irem trabalhar, andarem nas ruas, não manter a distância e falar que era apenas uma simples gripe. E nós éramos o Ministério da Saúde, conversamos com outros governos, pesquisadores de universidades por todo planeta e todos afirmavam que as pessoas precisavam ficar dentro de casa e continuar seguras”, disse Mandetta à jornalista Christiane Amanpour.

Questionado sobre a sua demissão, Mandetta afirmou que a saída do governo foi “amigável”.  “Estávamos em diferentes lados, claramente”, destacou. “A história vai contar quem está do lado certo e quem está no lado errado”.

O ex-ministro lamentou que Bolsonaro permaneça com tal postura e disse que a influência do presidente americano, Donald Trump, sobre o brasileiro só funciona parcialmente.

“Infelizmente, ele é um dos poucos líderes mundiais que continua com esse posicionamento que a economia deve voltar a qualquer custo, que a perda de empregos será pior e que as pessoas deveriam se preocupar em como manter a economia ativa”, disse Mandetta. “Então é bem difícil dizer às pessoas que devemos deixar a doença seguir seu curso natural e não nos expormos. O Trump ao menos voltou atrás”, acrescentou.

O programa foi ao ar pouco antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgar que os testes do presidente deram negativo para a Covid-19. Questionado pela apresentadora sobre os exames, Mandetta afirmou que não sabia os resultados, mas que Bolsonaro estava presente no que classificou como “viagem do coronavírus”.

“O que eu sei é que logo depois que ele fez uma viagem aos EUA, na qual todos eles (a comitiva presidencial) jantaram com o presidente Trump e o cara da comunicação (o chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten) voltou no avião com a doença. Das pessoas que viajaram com ele, 17 testaram positivo até 15 dias depois que ele chegou. Essa viagem foi uma viagem do coronavírus”, respondeu o ex-ministro. (Diário de Pernambuco)