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Referência no combate ao crime organizado resgata as origens do Primeiro Comando da Capital por meio de depoimentos colhidos com integrantes da facção

Rebeliões, assaltos, sequestros, assassinatos, narcotráfico. O rol de crimes arquitetados pelo PCC – Primeiro Comando da Capital – é tão grande quanto sua estrutura. Soma-se a essa lista as recentes descobertas de um plano para atacar servidores públicos e autoridades, incluindo o senador Sergio Moro e o promotor Lincoln Gakiya. Mas qual a motivação por trás de atentados contra figuras públicas? Como, apesar dos esforços de segurança pública, a maior organização criminosa do Brasil segue em franca atividade? Quais são as origens desse grupo aparentemente invencível?

As respostas para estes questionamentos são reveladas no livro Laços de Sangue – A História Secreta do PCC, assinado pelo procurador de justiça de São Paulo, Márcio Sergio Christino, uma das maiores autoridades brasileiras no combate ao crime organizado, em parceria com o jornalista investigativo Claudio Tognolli, professor-livre docente da ECA USP.

Publicada pela Matrix Editora, a obra reúne os bastidores do nascimento e ascensão da organização a partir de depoimentos colhidos diretamente de itegrantes da facção.

Christino e Tognolli mostram como o PCC foi criado por oito detentos dentro do sistema penitenciário, na Casa de Custódia de Taubaté (SP), no que deveria ter sido um simples torneio de futebol entre os presos. Eles detalham os caminhos que permitiram a extensão dos tentáculos da organização para fora dos muros das prisões e hoje atemorizam, além dos brasileiros e suas instituições, até mesmo países vizinhos como Paraguai, Bolívia, Colômbia e Venezuela.

Tudo teve início em Taubaté, no interior paulista. Era onde estava o Piranhão, a Casa de Custódia e Tratamento, que não era bem um presídio. Em tese, funcionava mais como um hospital psiquiátrico, onde ficavam contidos os insanos, os loucos. Só que, com o tempo, o governo do Estado de São Paulo acabou criando ali uma unidade prisional que faria a contenção de presos considerados de máxima periculosidade. […] Isolavam-se ali todos os que eram considerados como “piranhas”. Foi nesse ambiente que tudo começou. Estava preso no Piranhão o José Márcio Felício, o Geleião, grande idealizador do PCC. É certo que ele já trazia na cabeça todo o DNA do grupo, estruturado a partir de sua história pregressa voltada para o crime. Com ele também estavam os demais detentos que formariam o grupo de “Fundadores” da facção. A junção dos bandidos mais perigosos num lugar só nunca deu certo e, no Brasil, adubou as grandes organizações criminosas.

A obra reúne também as estratégias de investigação utilizadas pelas autoridades, a ascensão de Marcola a partir da morte de quase todos os fundadores da facção, alguns dos bárbaros crimes executados pelos bandidos e até as reclamações curiosas feitas pelos advogados dos criminosos, frente à delação premiada do último fundador do PCC falecido recentemtne. Uma verdadeira enciclopédia sobre a trajetória do Primeiro Comando da Capital.

Laços de Sangue – A História Secreta do PCC é fruto de um estudo aprofundado sobre o nascimento e crescimento da organização criminosa. A obra também apresenta a perspectiva de Christino sobre como é possível lidar com a realidade de violência e violações impostas pela facção. O procurador é enfático ao destacar ainda que as ações promovidas por seus integrantes são executadas apenas com interesses próprios de expansão e enriquecimento, sem levar em consideração qualquer pauta prisional pertinente.

 

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