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O aumento das tentativas de golpes no Sistema de Valores a Receber (SVR) preocupa o Banco Central (BC), que alerta para a sofisticação das técnicas utilizadas pelos criminosos desde o final do ano passado.

Carlos Eduardo Gomes, chefe do Departamento de Atendimento Institucional do BC, destaca que embora a tecnologia dos golpistas varie, o procedimento em si é semelhante.

Criminosos simulam consultas em falsos sites e aplicativos fora do ambiente da autoridade monetária, resultando em falsos valores a receber, geralmente entre R$ 1 mil e R$ 3 mil.

Em seguida, os fraudadores induzem o usuário a clicar em um link falso e realizar um pagamento de R$ 45 a R$ 90 para liberar o suposto montante esquecido.

Após o pagamento, os golpistas desaparecem, deixando a vítima no prejuízo.

O BC ressalta que não forneceu estatísticas específicas, mas observou um aumento nas denúncias nos canais de atendimento nas últimas semanas.

Ele destaca que, embora transferências de menos de R$ 100 possam parecer insignificantes, representam prejuízos significativos para quem possui renda limitada.

“Às vezes, os golpes são mais ou menos frequentes, dependendo da época, mas temos percebido um crescimento de fraudes desde o fim do ano passado no Sistema de Valores a Receber”, constata o chefe de departamento do BC.

As tecnologias empregadas pelos golpistas estão em constante evolução.

Além de falsos e-mails, eles agora recorrem a mensagens de WhatsApp e até vídeos gerados por inteligência artificial, muitas vezes envolvendo celebridades ou figuras públicas.

O BC emitiu alertas contra falsos aplicativos de valores a receber desde novembro.

Carlos Eduardo enfatiza que os sistemas de segurança do BC e dos bancos não são violados; em vez disso, os criminosos direcionam as vítimas para ambientes falsos, muitas vezes provenientes do Leste Europeu.

A maioria dos golpes utiliza técnicas de engenharia social, onde a própria vítima fornece informações aos golpistas.

Apesar das dificuldades em recuperar o dinheiro, o BC aconselha os consumidores a procurarem seus bancos ou operadoras de cartão de crédito para denunciar o golpe e solicitar estorno.

No caso de aplicativos falsos, recomenda-se registrar uma reclamação no Procon local.

Se o golpe for concretizado, a vítima é orientada a ir a uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência.

Com base nas estatísticas mais recentes, até o final de novembro, os brasileiros ainda não haviam sacado R$ 7,51 bilhões do Sistema de Valores a Receber.

Gomes destaca que os golpistas exploram o alto valor não retirado, vendendo informações falsas para induzir as pessoas a pagarem por supostos valores esquecidos.

“Na verdade, este é o golpe mais velho do mundo, apresentado de uma forma nova. Quem não se lembra do golpe do bilhete premiado? O criminoso alegava que não conseguia sacar um suposto prêmio de loteria e vendia o bilhete a uma pessoa que levava algum tempo para descobrir que, na verdade, tinha perdido dinheiro”, resume o funcionário do BC.

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