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O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), alertou sobre a iminente possibilidade de colapso de uma mina da Braskem na capital de Alagoas, descrevendo-a como uma potencial tragédia urbana de grandes proporções.

Ele mencionou que a prefeitura tem evitado divulgar horários precisos para o evento, visando reduzir a ansiedade da população, e está utilizando tecnologia avançada para calcular o afundamento do solo, sua direção e intensidade.

Aproximadamente 350 profissionais de órgãos públicos estão engajados nas ações de monitoramento.

Nesta sexta-feira, 1°, foi registrado um afundamento de cinco centímetros por hora na região da mina, mas essa taxa pode variar ao longo do dia.

A mina em questão é a de número 18, uma das 35 presentes na capital alagoana.

As consequências dessa situação levaram à evacuação de residências em cinco bairros da cidade e até mesmo de um hospital.

ENTENDA A SITUAÇÃO 

A atividade de mineração em Maceió teve início nos anos 1970, com a empresa Salgema Indústrias Químicas S/A, posteriormente renomeada como Braskem. A extração de sal-gema, um mineral utilizado na produção de soda cáustica e PVC, era autorizada pelas autoridades governamentais.

Em fevereiro de 2018, foram identificadas as primeiras fissuras no bairro do Pinheiro, uma delas com extensão de 280 metros. No mês seguinte, um tremor de magnitude 2,5 foi registrado, intensificando as fissuras e formando crateras no solo, resultando em danos irreversíveis às propriedades.

Somente um ano depois, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), entidade vinculada ao governo federal, confirmou que a atividade de mineração causou instabilidade no solo.

Em junho de 2019, ordens de evacuação foram emitidas para os moradores do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. À medida que a situação se agravava, a ordem foi estendida para partes do Bom Parto e do Farol.

Desde então, mais de 14 mil imóveis na região precisaram ser desocupados, afetando aproximadamente 55 mil pessoas e transformando áreas habitadas anteriormente em bairros fantasmas.

Após a identificação da mineração como a principal causa da instabilidade do solo, a Braskem iniciou um intenso trabalho de fechamento e estabilização de 35 minas na região do Mutange e Bebedouro, com uma profundidade média de 886 metros.

No entanto, após 5 tremores de terra apenas no mês de novembro, a Defesa Civil de Maceió alertou para o “risco de colapso em uma das minas” perto da lagoa Mundaú, a mina de número 18, o que poderia gerar uma imensa cratera.

Existe uma grande possibilidade de o desabamento da mina 18 afetar também duas minas vizinhas, formando uma cratera com capacidade para o estádio do Maracanã.

Com o desabamento, a água da lagoa, terra e detritos seriam drenados para dentro da cratera, resultando na formação de um lago com uma profundidade de 8 a 10 metros.

De acordo com a Defesa Civil, esse fenômeno tornaria a água da lagoa salgada, impactando de maneira extremamente grave toda a área de mangue na região.

O Serviço Geológico do Brasil enviou uma nova equipe a Maceió para avaliar o problema, que também está sendo monitorado pela Defesa Civil Nacional.

A Justiça Federal determinou a retirada de pouco mais de 20 famílias que ainda residem em áreas de risco nos bairros do Bom Parto. Embora não haja ordem de evacuação no Pinheiro, um hospital na região transferiu todos os seus pacientes para outras unidades de saúde.

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