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O presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Guaramandi – Assentamento Marielle Franco, Francisco Lima de Araújo – negou o envolvimento da entidade e do Movimento dos Sem Terra (MST) nos incêndios de pilhas de eucaliptos, em Itinga (região Sul do Estado), nesse fim der semana.

Conforme publicado, a queima do eucalipto aconteceu na tarde de sábado e no início da noite de domingo. Os eucaliptos cortados estavam empilhados e aguardando o transporte para a siderúrgica Viena, em Açailândia.
O prejuízo com destruição é enorme, pois se trata do resultado de sete anos entre plantio, tratos culturais, até estarem prontos para serem cortados.
Áudios em poder de O INFORMANTE dão conta de que policiais militares foram recebidos a tiros pelos autores do incêndio, logo que foram avistados chegando ao local, no final das pilhas de eucalipto que estavam pegando fogo, na noite de domingo.

Na tarde de sábado, 3, várias pilhas de eucalipto cortado na fazenda da siderúrgica Viena que seria transportado para a indústria da Viena, em Açailândia, também foram incendiadas.

“Não fomos nós nem o MST” – Francisco negou qualquer envolvimento do assentamento e do Movimento Sem Terra nos crimes do fim de semana. “Não fomos nós nem o MST”, garantiu. “No sábado, nós estávamos nas comemorações de um desfile cívico e quando servíamos o almoço olhamos a fumaça e o fogo. Continuamos a nossa atividade. Ontem (domingo), seguranças da empresa (Viena) vieram e deram rajadas de tiros. Revidamos com foguetes, pois só temos foguetes aqui no acampamento. E aí incendiaram outras pilhas de eucalipto, isso tudo para incriminar a gente”, ressaltou Francisco, informando que 144 famílias estão assentadas no acampamento, e que o MST a acompanha esse movimento desde o início do acampamento, dando apoio logístico e jurídico, juntamente com o advogado que a associação constituiu.

Acrescentou Francisco Lima de Araújo acrescentou a O INFORMANTE que “logo após o incêndio do sábado a gente se deparou com três pessoas usando roupas sociais, com coletes a prova de bala e com pistolas, dizendo que eram policiais. Mas não tinham nenhuma identificação, não tinham nenhuma tarjeta indicando que eram policiais. A gente pediu algum mandado, perguntamos o que eles estavam fazendo e como não tinham mandado pedimos que eles se retirassem, porque estávamos em festa e a visita deles não era bem vinda no assentamento naquele momento. Logo depois da retirada deles acontecem o primeiro incêndio. Daí por diante, começou toda a movimentação. Estamos aqui encurralados, a gente tem prova, com vídeos que foi feita a manifestação pedindo para deles se retirarem”.

Disse também Francisco que o acampamento recebe visita desses ‘policiais’ desde o dia16 de maio, mais ou menos, porque aconteceu uma audiência com uma juíza agrária, e desde essa audiência a gente vem recebendo essa pressão tanto da parte da segurança armada (da empresa Viena) como da parte desses ‘policiais’, que têm vindo aqui constantemente, até três vezes por semana, eles vêm aqui para nos intimidar, fazendo perguntas que não são cabíveis, dizendo que nós não podemos brocar um pedaço de roça. Até dentro das roças eles já foram abordados. A gente foi lá e pediu para eles saírem. Eles alegam sempre que estão caçando carros e motos roubados, mas aqui nunca encontraram nenhum”.

Invasão há mais de dois anos – Segundo o o presidente do Sifema (Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranháo (Fiema), Cláudio Azevedo, o MST invadiu as terras da Viena há mais de dois anos e deu à ocupação o nome de Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada a tiros no centro do Rio de Janeiro, em março de 2018.
A Viena conseguiu na justiça a reintegração de posse, mas a decisão judicial nunca foi cumprida.
Disse ainda Azevedo que a empresa Suzano também enfrenta essa insegurança. Cinco fazendas da Suzano foram invadidas pelo MST em nosso estado. São elas: Jurema, São Bento, Santa Cruz, Rodominas e Eldorado.