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Descaso, erros de avaliação, equipe de negociação despreparada, trapalhadas, suporte fraco de inteligência e uma visão enviesada de soberania nacional atrasaram a aquisição de vacinas da Pfizer, em volume urgente para a resposta do Brasil à pandemia de coronavírus. Em reportagem especial, os repórteres Leandro Prazeres, Rafael Garcia e Renata Mariz, do jornal O Globo, reconstituem os 2016 dias entra a primeira oferta de venda do imunizante até a confirmação da compra pelo governo brasileiro.
O período foi marcado pela ausência de respostas do governo às primeiras tentativas de negociação e por declarações duras contra a vacina e a farmacêutica. Somente a partir de fevereiro, com a pressão no país por vacinação em meio à escalada de mortes por Covid-19, superlotação de UTIs e a crise de oxigênio em Manaus, que o impasse começou a ser tratado.
A compra das primeiras 100 milhões de doses ocorreu em março, já na gestão de Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde.  Enquanto o governo demorava, outros 40 países e entidades passaram à frente do Brasil e assinaram contratos para a compra de 1,37 bilhão de doses.

Em foco: o longo processo de negociação com a Pfizer será tema da sessão de hoje da CPI da Covid no Senado. Os parlamentares vão ouvir o presidente da empresa na América Latina, Carlos Murillo. Entenda as principais perguntas a serem esclarecidas.

Aconteceu ontem – O ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten entregou à CPI uma carta enviada pela Pfizer ao presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades do governo. Segundo ele, a carta levou dois meses a ser respondida.
A passagem de Wajngarten pela CPI foi tensa – Respostas evasivas e contraditórias irritaram os senadores, e alguns parlamentares defenderam a prisão do ex-secretário.

Também houve bate-boca entre Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, e Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Após protagonizarem trocas de xingamento,  eles mantiveram ataques em entrevistas ao jornal Globo.

Repercussão: Jair Bolsonaro minimizou os erros cometidos pelo seu governo, dizendo que “fez o que pode”: “Um  governo que também erra. mas os nossos erros não têm efeito colateral”, afirmou. (O Essencial – Globo)