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Em articulação contra a iminente instalação da CPI da Pandemia, aliados do presidente Jair Bolsonaro conseguiram reunir assinaturas necessárias para criar uma segunda CPI, com foco na atuação de governadores e prefeitos. A estratégia dos bolsonaristas é ampliar o escopo da investigação e foi debatida pelo presidente com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) em telefonema divulgado no domingo.

No Senado, a movimentação foi interpretada pelo líder da maioria, Renan Calheiros (MDB-AL), como uma tentativa de inviabilizar a investigação, que tem como alvo o governo federal. “Não há necessidade da criação de nova CPI. Investigações sobre estados e municípios podem ser feitas por meio da comissão já pleiteada”, disse.

Ponto-chave – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vai discutir com a Secretaria-Geral da Mesa Diretora se a criação de uma CPI para investigar a gestão de governadores viola o regime o regimento da Casa. O regimento diz que o Senado não pode criar CPI sobre questões inerentes aos estados.

Em foco – O pedido de instalação de uma segunda CPI tem objetivo não só de mudar o escopo, mas de garantir o  garantir o controle das investigações, explica a colunista Malu Gaspar.

Aconteceu hoje – Bolsonaro criticou Kajuru por ter divulgado a conversa entre os dois e disse que o senador não publicou todo o diálogo. Pouco depois, o parlamentar revelou novo trecho do telefonema, em que Bolsonaro diz que  teria que “sair na porrada” com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento da CPI da Pandemia.

Bastidores – Integrantes do governo avaliam que a divulgação da conversa tornou irreversível a criação da CPI, mas acreditam que o episódio pode ajudar a narrativa de Bolsonaro. Aliados do presidente afirmam ainda que o áudio coloca fim à fase “paz e amor” de Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal

Repercussão – O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, disse que o conteúdo do telefonema é uma tentativa de desviar o foco. Na conversa, Bolsonaro diz que é preciso pressionar o Supremo para que determine a análise de pedidos de impeachment de integrantes da Corte.

Opinião – O que Bolsonaro fez na conversa divulgada — dizer a um parlamentar para chantagear o Supremo — é de uma gravidade infinitamente superior ao telefonema grampeado da ex-presidente Dilma Rousseff no famoso áudio do “Bessias”, afirma Vera Magalhães. (Essencial – O Globo)