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Um trem cargueiro carregado de minério, que seguia de Carajás em direção ao porto de Itaqui, em São Luís-MA, foi atingido de forma violenta por uma locomotiva da mesma mineradora, no último sábado, 2o, a altura do município de São Pedro da Água Branca-MA, que faz divisa com o Pará.

Um vídeo gravado, de pouco mais de 1 minuto, mostra o trem cargueiro passando carregado de minério em velocidade moderada em um trecho em que a EFC é duplicada. Logo em seguida, no mesmo sentido e no mesmo trilho, aparece uma locomotiva em velocidade bem superior à do trem cargueiro. Ela se aproxima rapidamente e o choque torna-se quase inevitável. O último vagão ficou parcialmente danificado e parte do minério caiu sobre o trilho.

No momento da batida, a pessoa que está filmando (do sexo feminino) dá um grito e profere uma palavra de baixo calão, demonstrando surpresa com a situação. Uma “poeira” escura cobriu o céu e funcionários de uma empresa terceirizada da Vale correm em direção do local para avaliar se havia vítima para tentar socorrer.

Segundo informações de técnicos da área, a ação da locomotiva é recorrente naquele trecho entre São Pedro e Açailândia, inclusive indicando um vídeo no Youtube que mostra isso de forma didática.

Carregado de minério, o trem é empurrado por duas locomotivas, uma no início e outra no meio. Todavia, apesar desse esforço, no trecho entre São Pedro e Açailândia há subidas que levarão suas locomotivas ao limite de suas capacidades. São as chamadas “Colinas de Açailândia”, que ficam 240 metros acima do nível do mar.

A locomotiva extra é chamada de “Helper Dinâmico”, que precisa manter a velocidade de cerca de 30 km por hora na hora de “atacar”, e serve como força extra para o trem não parar nos 130 km da colina. Seus motores fornecem 8.800 HPs. “Se a gente não colocar uma máquina extra acoplada ao trem, ele não consegue subir em função de seu grande peso e tamanho”, explica o maquinista Miguel Ferreira da Costa, em vídeo postado no Youtube.

A operação do Helper Dinâmico precisa acontecer com muita precisão. Ele não pode aproximar com muita velocidade nem pode ir muito lento, senão não alcançará o trem. Há um trecho pré-determinado para acontecer o acoplamento e só há uma chance para isso acontecer. Para evitar a batida, há um medidor de distância a laser. Ao se aproximar da cauda do trem, um feixe de laser é transmitido até a traseira do último vagão e a sua reflexão é captada por um sensor. Medindo-se o tempo de retorno gasto pela luz refletida, o sistema permite que seja calculada a distância até o trem à frente e o controle da velocidade da locomotiva helper. Assim, o acoplamento ocorrerá sem o descarrilamento do trem.

Aproximadamente 8 minutos após a passagem pela locomotiva helper, o trem de 3,4 quilômetros de extensão e 40.000 toneladas passa a tracionar forte e, assim, consegue vencer a Colina de Açailândia.

Para que o acidente de sábado tenha ocorrido, houve falha, mas não se sabe ainda se foi técnica ou humana.

Em nota, a Assessoria de Imprensa da Vale na região confirmou o acidente, destacando que houve apenas danos materiais, sem nenhuma vítima. A empresa também garantiu que a Estrada de Ferro Carajás já foi liberada e que o tráfego de trens continua normalmente.

Nota da Vale – “A Vale informa sobre incidente ocorrido na manhã do último sábado (20), próximo ao município de São Pedro de Água Branca, envolvendo manobra ferroviária na estrada de ferro Carajás. Não houve vítimas ou danos ambientais, apenas danos materiais para a empresa. Medidas corretivas foram realizadas e a ferrovia opera normalmente. As causas estão sendo apuradas”. (Com informações do Correio – Portal dos Carajás: Ulisses Pompeu)