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Os onze membros do Conselho de Administração da Petrobras — sete indicados pelo governo federal — se reúnem hoje em busca de uma solução para a troca no comando da empresa, determinada pelo presidente Jair Bolsonaro, que teve impacto bilionário sobre as ações da estatal no mercado financeiro. Em dois dias, a Petrobras perdeu quase R$ 100 bilhões em valor de mercado.

A indicação do general Joaquim Silva e Luna para o lugar de Roberto Castello Branco é o primeiro de quatro temas a serem debatidos pelos conselheiros. Na pauta está o pedido para a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para deliberar sobre a mudança na cúpula. Integrantes temem ser responsabilizados por acionistas na Justiça.

Ontem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) confirmou a abertura de processo para investigar possíveis irregularidades no anúncio da troca de comando na estatal. Em carta à CVM, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que a intervenção de Bolsonaro fere a Lei das Estatais, aprovada em 2016.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também ensaia reação e deve reabrir investigação caso a estatal não consiga vender oito das suas 13 refinarias até o fim do ano.

Paulo Uebel, ex-secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital na equipe do ministro Paulo Guedes, diz que a intervenção de Bolsonaro significa trair o voto dos eleitores que apostaram na agenda liberal.

A interferência na Petrobras é mais grave do que o mercado refletiu ontem, diz Míriam Leitão: “No fim, quem pagará a conta do populismo econômico de Bolsonaro é o contribuinte”. (Essencial – O Globo)