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Antes mesmo da aprovação de uma vacina contra a Covid-19, está instalado o debate se a imunização será ou não obrigatória. A discussão, estimulada por autoridades, ameaça dividir os brasileiros. E, segundo especialistas, pode chegar ao Supremo Tribunal Federal.

Advogados afirmam que há leis no país que obrigam a imunização, e quem não quiser ser vacinado pode ser punido. Os governos podem estabelecer restrições, como impedir o ingresso em concursos públicos e universidades e o acesso a programas.

O debate é prematuro e desnecessário, avalia o epidemiologista Wanderson Oliveira, ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Ele diz que a polarização do assunto prejudica o Programa Nacional de Imunização, que desde a criação, na década de 1970, nunca foi alvo de discussões sobre a legalidade de obrigar vacinação.

Ontem, o Ministério da Saúde anunciou acordo para comprar 46 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria, no país, com o Instituto Butantan. Segundo a pasta, já há acordos para aquisição de 186 milhões de doses. A vacinação, afirmou o ministro Eduardo Pazuello, deve começar em janeiro de 2021.

Na manhã desta quarta-feira, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro disse em uma rede social que “não será comprada” vacina feita pela China.

Cientistas criticaram o Ministério da Ciência e Tecnologia por atestar a eficácia do vermífugo nitazoxanida contra o coronavírus. O governo não apresentou estudos sobre o teste clínico, conduzido por grupo de pesquisadores da UFRJ.

O Brasil chegou a 154.888 mortes pela Covid-19 e 5.274.817 casos de infecção confirmados. (O Globo)