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O presidente do PTB, Roberto Jefferson, numa entrevista, nessa terça-feira, 21, à Jovem Pan, levantou uma questão que o jornalista Lourival Bogéa, diretor-geral do Jornal Pequeno e editor do blog O INFORMANTE sempre ponderou em ‘rodas’, conversas com amigos e até publicamente, no Colunaço dos domingos, como “chefe do Dr. Pêta: que as ironia, piadinhas e deboches tiram a força de qualquer discurso, declaração ou manifestação pública, principalmente quando acompanhados de raiva, ódio e rancor.

Na entrevista, Jefferson apontou o que, na sua opinião, é o maior erro do presidente Jair Bolsonaro. O jornalista Augusto Nunes pergunta a Roberto Jefferson: “Se o senhor estivesse no lugar do presidente Bolsonaro e fosse possível voltar no tempo, que erro cometido por ele o senhor não teria cometido”? Jefferson responde: “Eu penso que o presidente Bolsonaro tem que superar um grave erro retórico, de oratória. Quando comecei na advocacia criminal, no Rio de Janeiro, como estagiário da Defensoria Pública, eu tinha resultados muito desfavoráveis. Eu estudava o processo, eu era bom no discurso, mas não conseguia resultados favoráveis. E uma vez um promotor já falecido, meu ‘irmão’ Leôncio de Aguiar Vasconcelos, disse: ‘Roberto, você peca pela ironia. Você devia procurar a professora Maria da Glória Beuttenmüller (Fonoaudióloga e escritora brasileira nacionalmente conhecida e prestigiada como a moderadora da fala do jornalismo brasileiro) e parar de colocar ironia, porque a ironia é uma faca de dois gumes: ela fere o alvo e fere quem atira a faca’. Aí eu fui até ela e parei de colocar ironia no meu discurso, na minha retórica. O presidente Bolsonaro, a meu ver, comete o maior erro de comunicação quando usa demais a ironia. A ironia incompatibiliza o presidente com a oposição, acirra os ânimos, mas com muita gente que gosta dele (?). Ele devia tratar a coisa com mais seriedade, sem fazer piada e sem fazer ironia. A ironia é um vício retórico, é um vício de oratória. Pra mim, é o grave erro de comunicação do presidente Bolsonaro”.

Exatamente! Há tempos, o Colunaço do Pêta chamava a atenção para certas manifestações desnecessárias e irônicas do governador Flávio Dino, em relação a Bolsonaro. Houve um momento em que Dr. Pêta ‘se explicou’ afirmando que não era para o governador parar de criticar o presidente; que continuasse fazendo, de forma dura e séria, mas sem ironias e sem colocações desnecessárias, sob pena de colocar em risco o próprio entendimento institucional que deve existir entre o Estado e o Governo federal. Hoje, felizmente, ele adota uma postura diferente. Mantém as críticas duras e pertinentes, mas diminuiu bastante as ironias e piadas. Ao contrário do deputado federal Márcio Jerry, por exemplo, que, além da ironia, da piadinha, não consegue esconder a raiva e o ódio em suas manifestações públicas, nas redes sociais e em entrevistas. Não consegue compreender, por mais que alertado, que, dessa forma, tira toda a força do seu discurso. É mais forte do que ele, infelizmente. A crítica que se faz é no sentido não só de ajudar o deputado vice-líder do PCdoB na Câmara, como o próprio Maranhão, porque dessa forma ele só acirra mais ainda os ânimos entre Bolsonaro e Flávio Dino. E tudo que se precisa, no momento, é desarmar os espíritos para que se combata da melhor forma esse vírus mortal. Bolsonaro está errado na condução do processo? Não resta dúvida de que está e de que, agindo como age, coloca em risco a vida de milhares e milhares de pessoas. Mas não é com ironias, deboches e insultos que vamos conscientizá-lo disso.

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