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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta terça-feira, 24, na abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Nova York. Como tradição, o Brasil foi o primeiro país a fazer sua apresentação no encontro que reúne líderes de mais de 190 nações.

Lula foi acompanhado pela primeira-dama Janja, e por autoridades como os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, além do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira. Ministros como Marina Silva e Fernando Haddad não puderam participar das falas no plenário devido a limitações de espaço na delegação.

  • Crise Climática

O presidente enfatizou a urgência de ações contra a crise climática, afirmando que o planeta “está farto de acordos climáticos não cumpridos” e que os impactos já são visíveis, como enchentes e secas no Brasil. Lula reiterou o compromisso do seu governo em combater crimes ambientais e promover uma economia sustentável.

“O planeta já não espera para cobrar da próxima geração, e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos. Está cansado de metas de redução da emissão de carbono negligenciadas, do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega”, disse.

  • Defesa da Democracia

Lula utilizou o espaço para afirmar que a defesa da democracia no Brasil é uma prioridade e que ações são necessárias contra extremismos que ameaçam as instituições democráticas. Ele sublinhou que a democracia deve responder às necessidades do povo, especialmente em relação à fome e à desigualdade.

“No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento. Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários”, disse.

  • Desigualdade e Inteligência Artificial

O presidente também abordou a concentração de tecnologia em poucas mãos e defendeu uma “inteligência artificial emancipadora” que respeite os direitos humanos. Ele destacou a necessidade de uma governança global sobre o tema, com a participação de todos os países.

“Interessa-nos uma inteligência artificial emancipadora, que também tenha a cara do Sul Global e fortaleça a a diversidade cultural. Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz, não para a guerra”, defendeu.

  • Fome e Insegurança Alimentar

Lula chamou a atenção para o aumento da fome no mundo, com 733 milhões de pessoas subnutridas, e destacou que as mulheres são as mais afetadas. Ele anunciou a criação da “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, que será lançada no Rio de Janeiro em novembro.

“O número de pessoas passando fome ao redor do planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial (733 milhões de pessoas) estão subnutridas. O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas ele também persiste em partes da América Latina”, enumerou o presidente.

  • Palestina e Conflitos

Logo no início, Lula expressou apoio à luta dos palestinos por um território próprio, saudando a presença do presidente da Palestina, Mahmoud Abbas. Ele criticou a falta de mecanismos na ONU para resolver guerras, mencionando os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, e destacou o aumento dos gastos militares, que superam 2,4 trilhões de dólares.

“Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional. Vivemos momento de crescentes angústias, tensões, frustrações e medo. Testemunhamos a alarmante escalada de disputas geopolíticas e rivalidade estratégicas”, disse.

  • Recursos para Países em Desenvolvimento

Lula criticou as condições desfavoráveis de empréstimos para países em desenvolvimento e pediu maior justiça fiscal, enfatizando a necessidade de tributar os mais ricos para combater a desigualdade global.

“Enquanto os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ficam para trás, as 150 maiores empresas do mundo obtiveram, juntas, lucro de 1,8 trilhão de dólares nos últimos dois anos. A fortuna dos 5 principais bilionários mais que dobrou desde o início desta década, ao passo que 60% da humanidade ficou mais pobre”, listou.

  • Reforma da ONU

O presidente pediu uma ampla reforma na ONU, criticando a ausência de mulheres em cargos de liderança e a falta de representatividade do “Sul Global” no Conselho de Segurança. Ele defendeu a revitalização da Assembleia Geral e a reforma do Conselho de Segurança para torná-lo mais eficaz e representativo.

“Não bastam ajustes pontuais. Precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta [da ONU]”, disse Lula.

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