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A notável ascensão da Guiana no panorama da produção petrolífera mundial, ultrapassando a Venezuela, é uma história de parcerias estratégicas, quadros regulamentares e a atração de recursos inexplorados. Apesar das vastas reservas comprovadas de petróleo da Venezuela, as maiores do mundo, a Guiana emergiu rapidamente como um importante produtor de petróleo. Esta mudança sublinha as complexidades da geopolítica, da economia e da tecnologia na indústria petrolífera.

A virada – O ponto de virada para a Guiana ocorreu com a descoberta de reservas petrolíferas offshore significativas no Bloco Stabroek, em 2015, pela ExxonMobil, juntamente com os seus parceiros Hess Corporation e CNOOC. O desenvolvimento da Fase 1 de Liza, que iniciou a produção em dezembro de 2019, marcou a entrada da Guiana na liga das nações exportadoras de petróleo. As descobertas e desenvolvimentos subsequentes, incluindo a Fase 2 de Liza, reforçaram ainda mais a capacidade de produção da Guiana. O rápido desenvolvimento dos recursos petrolíferos do país, facilitado por um acordo favorável de partilha de produção com a ExxonMobil, conduziu a um rápido aumento dos níveis de produção.

O declínio da Venezuela – Em contrapartida, a indústria petrolífera da Venezuela tem enfrentado um declínio acentuado devido a uma combinação de instabilidade política, sanções econômicas e falta de investimento em infraestruturas e tecnologia. Outrora um dos principais exportadores de petróleo, a Venezuela viu a sua produção cair a pique. A empresa petrolífera nacional, PDVSA, tem estado sob forte pressão financeira, debatendo-se com taxas de produção decrescentes, desafios operacionais e sanções internacionais que limitaram seriamente o seu acesso aos mercados globais.

Factores para o êxito da Guiana
​1.​Investimento internacional e conhecimentos especializados: A parceria da Guiana com a ExxonMobil e outras empresas petrolíferas internacionais proporcionou o investimento e os conhecimentos necessários para a rápida exploração e desenvolvimento dos seus recursos petrolíferos offshore.
​2.​Enquadramento regulamentar: A Guiana estabeleceu um ambiente regulamentar favorável ao investimento estrangeiro, com condições competitivas e um quadro jurídico claro, o que contrasta fortemente com as políticas nacionalistas e as incertezas regulamentares da Venezuela.
​3.​Estabilidade geopolítica: A estabilidade política e as políticas económicas mais abertas da Guiana tornaram-na um destino mais atrativo para o capital e a tecnologia internacionais no sector petrolífero, em comparação com o ambiente político e económico difícil da Venezuela.
​4.​Acesso aos mercados: Ao contrário da Venezuela, que foi prejudicada por sanções, a Guiana tem acesso irrestrito aos mercados internacionais, o que lhe permite exportar o seu petróleo livremente e capitalizar os preços globais do petróleo.
​5.​Infra-estruturas e tecnologia: Com o apoio dos seus parceiros internacionais, a Guiana tem sido capaz de utilizar tecnologia e infra-estruturas modernas nos seus projectos petrolíferos offshore, permitindo uma produção eficiente a custos mais baixos.

Implicações e perspectivas futuras – O fato de a Guiana ter-se tornado um importante produtor de petróleo tem profundas implicações para a sua economia, oferecendo uma via de prosperidade à sua população. No entanto, também coloca desafios, nomeadamente a gestão da “maldição dos recursos” e a garantia de que as receitas do petróleo conduzem a um desenvolvimento sustentável.

No caso da Venezuela, a situação é uma recordação gritante das consequências da má gestão política e económica. Embora as reservas de petróleo do país continuem a ser vastas, a libertação do seu potencial exige reformas e estabilização substanciais.

Olhando para o futuro, espera-se que o sector petrolífero da Guiana continue a crescer, com mais projetos de exploração e desenvolvimento em curso. Para a Venezuela, uma potencial recuperação depende de reformas políticas e económicas que possam atrair investimento e tecnologia de volta ao seu sector petrolífero.

A ascensão da Guiana sobre a Venezuela na produção de petróleo destaca a importância crítica da gestão, do investimento e da tecnologia no panorama energético global. Mostra como as nações com reservas menores podem ultrapassar as que têm recursos mais substanciais adotando estratégias eficazes e parcerias internacionais.

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