-->

As rodovias brasileiras sob administração do governo federal são as que possuem maiores números de pontos críticos, como quedas de barreiras, erosões na pista, buracos grandes (maior que um pneu) e pontes estreitas ou caídas. A constatação faz parte do Radar CNT do Transporte – Pontos Críticos 2023, que mostrou que o número de perigos iminentes cresceu 1,5% em relação ao ano de 2022, com 2.648 ocorrências graves na malha rodoviária do país.

Apesar de ter trechos em administração privada, a BR-116 tem pontos críticos nas áreas públicas. Imagem: Foto Google Street View/Reprodução

De acordo com o estudo, 67,1% dos pontos críticos estão em rodovias federais, enquanto 32,9% afetam as estradas estaduais. Além disso, 97,8% foram encontrados na malha rodoviária da administração pública. Outro problema é que mais de 80% deles não possuem sinalização.

De acordo com a CNT, esses pontos tornam a movimentação rodoviária mais arriscada para o motorista e para a segurança viária, além de impactar a fluidez da via e elevar os custos operacionais do setor transportador.

As três Unidades da Federação que tiveram os maiores números de pontos críticos em termos absolutos, em 2023, foram Minas Gerais (383), Acre (374) e Maranhão (258). Levando-se em conta o total de pontos críticos em relação à extensão da rodovia pesquisada pela CNT, a região Norte lidera a densidade de problemas.

O Acre contabiliza 27 pontos críticos a cada 100 quilômetros. Em segundo e terceiro lugares estão os estados de Roraima e do Amazonas, nos quais o motorista pode encontrar onze pontos críticos a cada 100 quilômetros.

Locais com ocorrência de buracos grandes (cujo tamanho é igual ou maior que um pneu de veículo de passeio) lideram o número de casos, com 1.803 registros, sendo que, no ano passado, 99% deles não tinham qualquer tipo de sinalização de advertência.

No histórico de onze anos de análise de pontos críticos pela CNT, a contagem de trechos com buracos grandes saltou de 64, em 2012, para 1.803, em 2023. O aumento de quedas de barreira também foi expressivo no período. Passou de 20 ocorrências, em 2012, para 207, no ano passado. O mesmo caso ocorreu com as erosões na pista. Há onze anos, foram identificadas 162 e em 2023 passaram para 504.

*Quais são as piores*? – As rodovias com os maiores números de pontos críticos do país são também as de maior extensão e relevância para a interligação dos estados. A pior delas, de acordo com o estudo, é a BR-364, que tem 322 ocorrências, 12,2% de todos os problemas encontrados no estudo.

Trata-se de uma rodovia com mais de 4 mil km, que liga as regiões Sudeste e Norte do país. Iniciando no estado de São Paulo, atravessa diversos estados, incluindo Goiás, Mato Grosso e Rondônia, até chegar ao Acre, na fronteira com o Peru. Essa estrada desempenha um papel vital no transporte de mercadorias, conectando áreas agrícolas e industriais a portos e centros urbanos.

A segunda pior, com 131 pontos críticos, é a BR-174 – que se estende por cerca de 2 mil quilômetros, conectando os estados de Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Roraima à Venezuela. Ela tem papel estratégico no transporte de mercadorias e no acesso a importantes centros urbanos, como Manaus. Também é a única ligação de Roraima com o resto do país.

De acordo com o antigo Plano Nacional de Rodovias, feito no governo militar, a BR-174 se estenderia por 3,3 mil km, mas muitos trechos não existem até hoje.

Apesar de ter trechos em administração privada, a BR-116 tem pontos críticos nas áreas públicas

Outra rodovia que se destaca pelos problemas é a BR-116, com 108 ocorrências críticas. Conhecida como Rodovia Presidente Dutra entre São Paulo e Rio de Janeiro, é uma das principais vias de ligação entre importantes centros urbanos e desempenha um papel crucial no transporte de mercadorias e passageiros, sendo uma rota fundamental para a economia nacional. São mais de 4,5 mil km de extensão, do Ceará ao Rio Grande do Sul.

*Quanto é necessário para resolver o problema*? – Diante dos resultados, a CNT estima que sejam necessários R$ 4,88 bilhões para a resolução dos problemas de 2023 apontados na publicação. Desse total, 38,5% devem ser destinados à correção de quedas de barreiras e 21,7%, à adequação ou reconstrução de pontes estreitas.

Levando-se em conta o investimento necessário para intervenção de melhorias emergenciais, como reconstrução, restauração e manutenção dos trechos da malha rodoviária federal que apresentam problemas, o custo é muito maior – a estimativa da necessidade de recurso sobe para R$ 46,8 bilhões, somando a malha federal e estadual.

A confederação defende que sejam empreendidos maiores esforços na priorização em infraestrutura do transporte, diante dos impactos e riscos que os pontos críticos exercem sobre a fluidez do trânsito e a segurança dos usuários.

“O investimento na prevenção e/ou na correção imediata de pontos críticos é a melhor forma de evitar que os problemas nas vias se agravem”, afirma o diretor executivo da CNT, Bruno Batista. (Com UOL).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *