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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem observado um aumento preocupante no número de suicídios entre seus agentes nos últimos anos. Enquanto os dados apontam para um aumento significativo, a corporação se recusa a fornecer informações sobre os afastamentos por doenças mentais, levantando mais preocupações sobre a saúde mental dos profissionais da PRF.

Em 2022, foram registrados cinco casos de suicídio entre os agentes da PRF, um aumento notável em relação a apenas um caso em 2021, de acordo com informações obtidas pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação. Até o momento em 2023, já foram reportados pelo menos três casos.

No entanto, a corporação e o Ministério da Justiça e Segurança Pública negaram a divulgação dos dados de afastamento por doenças mentais. A PRF alega não possuir uma ferramenta para separar essas informações, enquanto o Ministério da Justiça alega “inexistência da informação”.

O próprio diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, reconheceu a existência desses dados, mas não explicou por que não foram disponibilizados. A PRF enfatizou o caráter reservado das informações e destacou iniciativas, como o Projeto Vida PRF, que oferece atendimento psicológico aos servidores.

Pablo Lira, presidente do Instituto Jones dos Santos Neves e professor de Segurança Pública, enfatiza a importância da divulgação desses dados para desenvolver políticas eficazes de enfrentamento.

Além da PRF, outras corporações policiais também enfrentam um aumento no número de suicídios. Nos últimos cinco anos, foram registrados pelo menos 531 casos de suicídios quando somados os dados da PRF, Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil. Isso representa uma morte a cada três dias de policiais no Brasil de 2017 a 2022.

A Polícia Federal, por exemplo, passou de zero suicídios em 2022 para quatro em 2023, destacando a necessidade de ações efetivas para abordar a saúde mental dos agentes.

Juliana Martins, coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta diversos fatores que podem contribuir para esse aumento, incluindo o aumento da violência, cargas horárias excessivas e remunerações insuficientes. Ela enfatiza a necessidade de mudanças estruturais nas corporações para abordar efetivamente a saúde mental dos policiais.

Essas preocupações se estendem às corporações estaduais, onde em alguns estados, o número de suicídios supera as mortes em confrontos em serviço. Mudanças estruturais e uma abordagem mais ampla da saúde mental são necessárias para enfrentar esse desafio.

É importante e essencial que a sociedade e as instituições trabalhem juntas para proteger a saúde mental dos profissionais da segurança pública, garantindo que recursos adequados estejam disponíveis para apoiá-los em tempos de necessidade.

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