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O Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), responsável pelo fornecimento da vacina anticovid Sputnik V, solicitou ontem a governadores que representam o Consórcio Nordeste um prazo até sexta-feira, 23, para informar sobre o envio do imunizante. O primeiro lote, com 1,6 milhão de doses, estava previsto para chegar no Recife dia 28, mas o cronograma ficou indefinido.

Segundo o Consórcio Nordeste, o Fundo Russo pediu o prazo de 48 horas após uma declaração do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, indicando que não incluiria a Sputnik V no Plano Nacional de Imunizações (PNI).

Em audiência na Câmara semana passada, Queiroga disse que o número de doses contratadas já seria suficiente para vacinar toda a população adulta com as duas doses. Desse modo, não haveria necessidade de incorporar à campanha nacional doses adicionais, como as da Sputnik V e da Covaxin, cujo a compra é alvo de investigações na CPI da Covid.

“Não tem cabimento mandarem a vacina e o governo brasileiro não aceitar”, disse ao Estadão o presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Wellington Dias (PT). “Se não fosse essa declaração, já daria para dizer que no dia 28 chegaria a primeira etapa do 1% liberado pela Anvisa. Tinha um compromisso de entrega do volume completo até o mês de setembro”, afirmou.

Segundo ele, a expectativa era de que a reunião ontem com o Fundo Russo pudesse confirmar a logística de chegada da primeira remessa da Sputnik V ao Brasil, mas a indefinição em relação à incorporação do imunizante na campanha nacional mudou os planos. “Nossa avaliação é de que, a cada momento, temos mais e mais obstáculos. É um tratamento diferente do que foi feito com outras vacinas”, reclama Dias.

O Consórcio Nordeste enviou no dia 19, ofício ao ministério reiterando a importância de incluir a vacina russa na campanha. “Estamos aguardando o Ministério até amanhã”, afirma Dias. “Haverá um prejuízo, inclusive de vidas humanas, dependendo da decisão.”

“Os governadores estão se esforçando para trazê-la, mas não temos tido a colaboração da Anvisa e do Governo Federal”, escreveu na terça-feira, nas redes sociais o governador da Bahia, Rui Costa (PT).

Atualmente, 16 Estados brasileiros, incluindo Piauí e Bahia, estão autorizados, mediante algumas condições, a fazer a importação excepcional da vacina russa. Entre as restrições impostas, está a limitação de uso do imunizante apenas em adultos, de 18 a 60 anos, sem comorbidade e ainda não vacinados, e em até o máximo de 1% da população de cada Estado. Não fossem as restrições de quantidade, aponta Wellington Dias, mais de 30 milhões de doses da Sputnik V poderiam ser entregues.

(Estadão)