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POR GIL MARANHÃO/DE BRASÍLIA

O ex-secretário de Administração da Executiva Nacional do Partido Verde (PV) Washington Rio Branco, reeleito recentemente, defendeu nesta quarta-feira (27), a instalação da Comissão de Ética que pode resultar na expulsão da legenda do ex-deputado federal, ex-ministro e ex-candidato ao Senado no Maranhão Sarney Filho.
O argumento dele e de outros dirigentes nacionais do PV é de que Sarney Filho tem tomado decisões aleatórias, de interesse pessoal, sem consultar o partido, como a de aceitar o cargo de secretário do Meio Ambiente do Governo do Distrito Federal (GDF). O mesmo fato se repetiu quando ele decidiu assumir o cargo de ministro do Meio Ambiente (MMA) do Governo Michel Temer.
“Era tudo que ele queria” – Rio Branco lembrou que o ex-ministro ingressou no Partido Verde em 2002, por meio da sua pessoa, quando o PV já vivia uma fase de crescimento, e se expandiu com sua entrada para os 217 municípios maranhenses e reconhecemos seu valor político e empenho.
“Fui eu quem o apresentei e filiei ao partido”, disse Rio Branco, revelando desapontamento. “Era tudo o que ele queria para consolidar sua carreira na política ambiental do país. Porém, ao longo do processo da dinâmica partidária interna e externa, cometeu alguns deslizes e erros primários que acabaram desagradando dirigentes em vários estados da Federação”, queixa-se o dirigente nacional.
“Intervenções internas” – Segundo Washington, Sarney Filho trabalhava internamente contra determinadas candidaturas nos estados. “Foi a mão invisível das intervenções, estilo mão branca, em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba e Amapá, dos casos que ouvi de convencionais no evento e se tornaram públicos”, frisou.
No último final de semana, na Convenção Nacional para escolha da Direção Executiva do Partido Verde, em Brasília, o presidente do PV do Distrito Federal, Eduardo Brandão, propôs Comissão de Ética para expulsar Sarney Filho do partido.
“Maioria quer expulsão” – “Fui tomado de surpresa e passei a maior vergonha, com o pedido de Comissão de Ética e, ato contínuo, expulsão do filiado maranhense, que, aliás, não foi no evento e não fez nenhuma justificativa oficial da não participação”, declarou.
“Escutei várias expressões desagradáveis, tipo, culpado é você que filiou, a porta é serventia da casa e outras coisas cômicas, tamanha a sede de poder do cargo pelo cargo, desde seu regresso ao MMA, também sem consulta prévia aos órgãos partidários, apenas comunicação. Então, o desgaste aumentou e se tornou insustentável”.
Na visão de Washington, a grande maioria dos dirigentes nacionais, mesmo não revelando publicamente, sinalizou que quer a saída imediata de Sarney Filho, que é secretário da legenda.
“Sem ressentimentos” – Washington Rio Branco também falou de manobras feitas por Sarney Filho em relação à sua pessoa e sua atuação no estado. “No caso específico do Maranhão, aceitei tudo calado e sem reação, desde a retirada do meu nome da Direção Executiva Estadual, até o bypass de não poder disputar a eleição ao Senado, em 2014, mesmo sendo aprovado na Convenção Nacional. Mas, a trama política se revelou em 2018.”
“Não tenho ressentimentos, por entender que minha tarefa maior é ajudar a recuperar nossa força política no país, em especial, no Maranhão, onde tínhamos 2 deputados federais, 21 prefeitos e 188 vereadores, esforço coletivo de parlamentares, dirigentes, filiados e simpatizantes”, concluiu Rio Branco.