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Reportagem especial do jornal francês Le Monde, que chegou às bancas nessa terça-feira, 12, mostra um Brasil afundado na pobreza extrema”. De autoria do correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Bruno Meyerfeld. a matéria diz que os preços da carne, do arroz e do feijão disparam no país, “arrastando milhões de pessoas para uma grave insegurança alimentar”.

A reportagem mostra o exemplo do brasileiro Eduardo Monteiro. “Com a mochila grande, a camisa passada a ferro e o corte de cabelo caprichado, Eduardo Monteiro podia parecer um estudante ou um escriturário. Aos 40 anos, esse homem de aparência tranquila caminha ao sol perto dos arcos da Lapa, bairro popular e festivo do centro do Rio de Janeiro. Mas alguns sinais não enganam: o homem tem olhos fundos e traços desenhados, indicativos de dias de preocupação e noites difíceis. Porque ele mora nas ruas há seis meses.

‘É difícil. Eu estou sozinho. É só Deus e eu’, disse o ex-mecânico, natural de São Paulo, que de repente perdeu o emprego durante a pandemia. ‘Estou tentando encontrar um pouco de papelão ou sucata para trazer para reciclar’, diz ele. A tarefa é difícil: você tem que viajar dezenas de quilômetros todos os dias com vários quilos nas costas para coletar alguns centavos reais. ‘O mais difícil são os olhos das pessoas. Eles têm medo de mim’, lamenta.

Na verdade, Eduardo não está sozinho. Ele se juntou à longa onda de mendigos do centro do Rio, que abriga inúmeros assentamentos para moradores de rua. Os colchões (quando houver) são montados na calçada, à sombra das árvores, rodeados de pombos, ratos e baratas. A maioria dos pobres é negra. Muitos têm uma aparência suspeita ou parecem completamente perdidos. Álcool e crack cobram seu preço aqui”.

O Le Monde relata que o impacto da pandemia combinado com uma crise econômica profunda fez e explica que o perfil dessa população mudou nos últimos anos, com famílias inteiras vivendo nas calçadas. “Mas a situação dos moradores em situação de rua é apenas a parte mais visível do drama atual do Brasil, onde a pobreza explodiu”, ressalta o correspondente Bruno Meyerfeld.