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O Palácio do Planalto traça uma estratégia para reagir após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), iniciar a vacinação contra a Covid-19 no estado, o que resultou na pressão de governadores sobre o Ministério da Saúde para antecipar a imunização no país. O episódio é interpretado como uma derrota política do presidente Jair Bolsonaro, que passou meses criticando a CoronaVac, imunizante que começou a ser aplicado ontem, de forma simbólica, em 15 estados.

Auxiliares de Bolsonaro reconhecem que o presidente errou ao minimizar a gravidade da pandemia e colocar em xeque a ciência. Agora, o esforço é tentar evitar que o desgaste da imagem de Bolsonaro aumente. Uma das estratégias é investir na divulgação de que a imunização será nacional e lembrar que o governo federal ajuda a pagar as pesquisas do Instituto Butantan. O plano é não citar Doria ou antagonizar com ele. Ontem, Bolsonaro disse que “a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador”.

Em paralelo, auxiliares do Planalto atribuem a responsabilidade pelas falhas ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Militares também demonstram insatisfação com a atuação do ministro, avaliando que os erros na distribuição da vacina e o colapso da saúde em Manaus afeta a imagem do Exército.

Pazuello disse que nunca indicou medicamento para pacientes com Covid-19. Apesar da declaração, sob sua gestão o Ministério da Saúde editou orientação que indicava o uso precoce da cloroquina e da hidroxicloroquina. Além disso, Pazuello apareceu em transmissão de Bolsonaro nas redes sociais dizendo que estava sendo medicado com hidroxicloroquina, o vermífugo Annita e azitromicina.

O país superou a marca de 210 mil mortes ligadas à Covid-19 e alcançou 8,5 milhões de contágios confirmados por autoridades de saúde. (Essencial – O Globo)