A pesquisa é um trabalho de iniciação científica que integra projeto de doutorado. O estudo avalia o uso do extrato da Terminalia catappa (árvore amendoeira da praia) para o desenvolvimento de uma droga antiprotozoária.
“Diversos estudos já foram publicados nessa mesma linha de pesquisa, porém, utilizando outras espécies do gênero Terminalia, observando essa potencialidade contra parasitos. A novidade é a utilização de um fitoterápico com uma espécie que ainda não foi estudada, a respeito da sua ação contra leishmaniose. Esperamos contribuir com o desenvolvimento de uma formulação antiparasitária menos tóxica e com valor mais acessível para a população que está inserida em região endêmica”, explica a pesquisadora Carla Silva.
O apoio financeiro da Fapema para a continuidade da pesquisa tem sido fundamental, segundo Carla Silva. “Os recursos têm contribuído para a compra de insumos e equipamentos, possibilitando a execução do nosso trabalho. Além disso, o apoio é de suma importância para o crescimento da ciência no nosso Estado”, reitera.
A pesquisa tem a orientação da médica veterinária e doutora em Biologia Parasitária, Ana Lucia Abreu Silva, que é professora da UEMA; com coorientação da bióloga Sandra Alves de Araújo.
O grupo de pesquisa do qual Carla Silva faz parte já desenvolve estudos na área de produtos naturais para tratamento de leishmaniose há aproximadamente 15 anos. “É uma doença negligenciada e endêmica na nossa região e os tratamentos atuais utilizam quimioterápicos que têm como consequência efeitos colaterais, resistência e certa toxicidade”, explica a pesquisadora. “Nós buscamos uma alternativa, utilizando a espécie T. catappa, que é abundante na nossa região e, com isso, esperamos produzir um fitoterápico menos tóxico e mais barato”, revela a pesquisadora.
O gênero Terminalia, espécie de planta analisada no estudo, é conhecido popularmente por suas propriedades antiparasitárias e alguns estudos já comprovaram ação contra espécies de leishmania. Essas espécies possuem inúmeras propriedades medicinais, como antioxidantes, antitumorais, anti-inflamatórias e antifúngicas. Além disso, os compostos fitoquímicos estão diretamente associados a essas atividades.
“Desse modo, o objetivo desse estudo foi investigar os efeitos leishmanicidas dos extratos e frações em modelos in vitro, com fins a criar um produto farmacologicamente ativo com propriedades leishmanicidas”, completa Carla Silva.
Leishmaniose – As leishmanioses são um conjunto de doenças causadas por protozoários do gênero ‘Leishmania’ e da família Trypanosomatidae, atacando pele, mucosas e, também, órgãos internos. Os sintomas incluem febre, emagrecimento, anemia, aumento do fígado e do baço, hemorragias e imunodeficiência. Não há vacina contra as leishmanioses humanas. As principais medidas de prevenção se baseiam no controle dos mosquitos e dos reservatórios, diagnóstico precoce e tratamento de doentes.
Para prevenir a doença é orientado o uso de repelentes, evitar horários e ambientes onde esses mosquitos possam ter atividade, utilização de mosquiteiros de tela fina e, dentro do possível, a colocação de telas de proteção nas janelas. Outras medidas importantes são manter sempre limpas as áreas próximas às residências e os abrigos de animais domésticos; realizar podas periódicas nas árvores para que não se criem os ambientes sombreados e não acumular lixo orgânico.
Para todas as formas de leishmaniose, o tratamento de primeira linha no Brasil se faz por meio do medicamento antimoniato de meglumina (Glucantime). Outras drogas, utilizadas como segunda escolha, são a anfotericina B e a pentamidina. Todas essas drogas têm toxicidade considerável.