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Um total de 9.899 candidatos que concorrem nas eleições de 2024 mudaram a raça declarada duas vezes desde 2016, quando essa informação passou a ser divulgada pela Justiça Eleitoral.

Desse número, aproximadamente 4.400 que anteriormente se declararam negros agora se identificam como brancos, mesmo com a verba destinada a candidatos negros sendo menor. Esse grupo representa cerca de 12% do total de 83 mil pessoas que participaram das eleições de 2016 e 2020 e que estarão nas urnas em 2024.

A mudança mais frequente é de candidatos que se declararam brancos em 2016, passaram para pardos em 2020 e retornaram à classificação de brancos em 2024. Essa prática foi registrada em 4.029 casos, totalizando 40% das alterações.

Além disso, o registro mostra que, entre 2020 e 2024, 2.614 candidatos passaram de pardos para brancos e retornaram a pardos, enquanto 1.241 passaram de pardos para pretos e depois voltaram a se declarar pardos.

Os dados ainda revelam 807 que mudaram de preto para pardo e voltaram a ser classificados como pretos, além de 861 candidatos que declararam três cores diferentes nas eleições de 2016, 2020 e 2024.

A autodeclaração racial é de responsabilidade de cada candidato, que pode escolher entre ser amarelo, branco, indígena, pardo ou preto, ou optar por não declarar raça alguma.

A cor ou raça dos candidatos é utilizada para a definição de políticas públicas, como a distribuição do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral, recursos financeiros repassados pelo governo aos partidos.

Em 2020, houve a obrigatoriedade de os partidos repassarem, no mínimo, 50% dos dois fundos às candidaturas de negros, que são aqueles que se declararam pretos ou pardos.

No entanto, em 2024, esse percentual caiu para 30%, devido à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia, que também zerou as multas para partidos que não cumpriram as regras em eleições anteriores.

Especialistas sugerem que essas mudanças na identificação racial estão relacionadas a fatores como tentativas de acesso aos fundos eleitorais e dificuldades pessoais de se identificar racialmente.

Outro fator considerado é o medo da exposição e das críticas sociais por se identificar com uma raça que não é reconhecida socialmente. A mudança no entendimento do termo “pardo” ao longo dos anos também contribui para as confusões na identificação racial.  Além disso, erros no preenchimento dos dados também podem ser uma explicação para as variações.

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