Durante o lançamento do programa ‘Pé-de-Meia’ no Maranhão, nesta sexta-feira, 22, em São Luís, três ministros ficaram ao lado do governador Carlos Brandão representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: Camilo Santanta (Educação), Juscelino Filho (Comunicações) e André Fufuca (Esporte). Curiosamente, os dois ministros maranhenses (Juscelino e Fufuca) não são originalmente da base aliada de Lula.
As imagens do evento contrastam com a fala que o deputado Rodrigo Lago (PCdoB) fez, na terça-feira, 19, na tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão, quando criticou uma suposta incoerência do governo do Estado ao aceitar aliança com a deputada Mical Damasceno (PSD), conhecida defensora do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Chega à Assembleia, ela resolve apoiar um governo socialista, um governo amigo e aliado do presidente Lula. Para mim, isso pouco importa, porque eu não dialogo com o público dela, não votei na deputada. Eu cobro, sim, coerência do governo do Estado”, afirmou Lago.
O deputado esquece, porém, que desde o início do mandato, o governador Carlos Brandão tem defendido um diálogo amplo e irrestrito com todos os espectros políticos. Aliás, ele segue a mesma estratégia do próprio presidente da República, que tem oferecido bons lugares no governo federal a partidos que não o apoiaram no último pleito eleitoral, como ficou claro no evento em São Luís.
Só para citar alguns nomes, o presidente Lula já nomeou para o primeiro escalão de seu governo os ministros Juscelino Filho (União Brasil) nas Comunicações; André Fufuca (Progressistas) no Esporte; Celso Sabino (União Brasil) no Turismo; e Silvio Costa Filho (Republicanos) nos Portos e Aeroportos.
Seria até compreensível, mas não politicamente aceitável, que Rodrigo Lago fizesse uma reclamação de ordem pessoal. Agora, alegar incoerência por parte do governo parece demonstrar, para dizer o mínimo, que o deputado não tem acompanhado os discursos do governador Brandão, nos quais ele repetidamente tem insistido no diálogo com todos, independentemente de partidos.
A estratégia do governador Brandão não só condiz com sua própria vida pública como também ajuda no combate à forte polarização política pela qual passa o país e que pouco ajuda no estabelecimento de políticas públicas eficazes para resolver os reais problemas da população.
Se até o presidente, que é a principal figura do maior partido de esquerda da América Latina, já entendeu que não é possível governar sem dialogar com todos, seria importante que seus apoiadores seguissem o exemplo.