-->

A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Central Estadual de Transplante do Maranhão (CET-MA), realizou, nessa quarta-feira, 13, o encerramento da Semana de Doação de Córneas, no auditório do Palácio Henrique de La Rocque, em São Luís. O encontro teve como objetivo ressaltar a importância da doação de córneas.

“Enquanto SES, expressamos a nossa satisfação e felicidade com o trabalho que tem sido realizado para a captação de órgãos pela Central Estadual de Transplantes. Neste encerramento da Semana de Doação de Córneas, reiteramos a importância do diálogo com os entes familiares enquanto ato que expressa a busca pela qualidade de vida de quem precisa daquele órgão, envolvendo a todos neste ato de amor à vida”, disse a coordenadora do Departamento de Alta Complexidade da SES, Suziane Viegas.

A Semana de Doação de Córneas teve início no último dia 4 de dezembro, com ações de conscientização realizadas em clínicas credenciadas para transplante de córnea na capital. No encontro desta quarta-feira, foi apresentado o panorama atual em relação à Política de Transplantes no Maranhão, a perspectiva para os próximos três anos subsequentes, além da aproximação junto à comunidade profissional e sociedade civil quanto ao objetivo de zerar a fila para transplante de córnea no estado.

O coordenador da CET-MA, Hiago Bastos destacou o momento como sendo educativo e destinado a mostrar o trabalho do serviço de captação de órgãos no estado. Segundo ele, foi uma forma de celebrar o Dia Pan-Americano de Doação de Córneas com a presença de representantes da sociedade civil, de hospitais transplantadores, profissionais de saúde, bem como pessoas transplantadas e famílias doadoras.

“Entre as estratégias adotadas pela CET-MA para conquistar mais doadores, está o processo de qualificação dos profissionais para que estes realizem a abordagem e entrevista com as famílias dos doadores em potencial, assim como a sensibilização da sociedade civil por meio da parceria com hospitais, empresários, unidades de ensino e a imprensa para tornar o tema acessível e descomplicado ao máximo de pessoas possível”, explicou.

Atualmente, o cenário de transplante de órgãos e tecidos no Maranhão tem apresentado melhoras substanciais. Em relação a 2022, a CET-MA dobrou a capacidade, de 133 transplantes de córnea para 228 realizados em 2023. Ainda em relação ao ano passado, o estado saltou de 172 para 284 notificações.

Presente no evento, a enfermeira e estudante de Odontologia, Viviane Martins, de 42 anos, natural de Santa Inês, compartilhou a sua história após ter passado por um transplante de córnea em setembro deste ano.

Portadora de Ceratocone, doença genética rara de caráter hereditário e evolução lenta, a enfermeira recebeu o diagnóstico aos 17 anos e desde então passou por diversos tratamentos para retardar a cegueira, até finalmente entrar para a fila de transplantes em 2019 para operar o olho direito. A vida dela mudou radicalmente em setembro deste ano quando a tão esperada córnea chegou e ela pode fazer o transplante, realizado no HU-UFMA.

“Para mim foi uma emoção e alegria, principalmente porque uma pessoa disse ‘sim’ quando ainda em vida, e após a sua morte a família teve a consciência de aceitar o transplante”, disse. E acrescentou: “Depois de tudo que passei eu digo a todos, inclusive pelas minhas redes sociais, que sou doadora de órgãos, já que um doador não salva a vida apenas de uma pessoa, mas de várias”, disse Viviane Martins.

Quem também participou do encerramento da Semana de Doação de Córneas foi Suzana Carvalho Cunha, de 14 anos, de Colinas. A jovem nasceu com deficiência na visão e entrou para a fila de transplantes no ano de 2012. Sempre acompanhada pelo Conselho Tutelar do seu município, ela comemora um ano de transplantada.

Emocionada, ela agora pode enxergar o mundo e aproveitar toda uma vida que ainda tem pela frente. “Foi uma alegria imensa”, descreveu. A irmã de Suzana, Rejiane Cunha, de 19 anos, destacou as mudanças. “Hoje ela está mais segura de si e o nosso desejo é que continue tudo dando certo como tem dado até agora”, afirmou.

Participando como família doadora, Antônio Costa, de 54 anos, perdeu a filha Amanda dos Santos Costa, de 18 anos, há quatro meses em decorrência de um AVC hemorrágico. Segundo ele, a família respeitou o desejo da jovem de que seus órgãos fossem doados. “Ao chegar em casa, eu a encontrei desacordada e caída no chão. Levei ela às pressas para um hospital da rede particular localizado em São Luís e após três dias de exames hospitalares, foi confirmada a morte encefálica em razão do AVC sofrido em casa”, detalhou.

Diante do ocorrido, a família acatou o desejo de Amanda, que havia compartilhado entre as amigas de escola o desejo de ser doadora de órgãos. “Infelizmente são poucas as pessoas que se conscientizam quanto a isso. Eu mesmo perdi o meu pai que aguardava por um transplante de rim, mas que faleceu porque não conseguiu doador. Diante disso, a sensibilização foi ainda maior, pois com isso homenageamos o meu pai, assim como a minha filha. Em parte, eu fico feliz porque os órgãos dela estão permitindo que outras pessoas vivam”, continuou.

Doação

Existem dois tipos de doadores, o doador vivo, que pode ser qualquer pessoa saudável que concorde com a doação de rim ou medula óssea ou transplante de parte do fígado ou do pulmão. Já o doador morto, consiste na doação de órgãos e tecidos (rins, coração, pulmões, fígado, pâncreas, córneas, pele, osso e outros) de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com morte encefálica. Os órgãos e tecidos doados vão para os primeiros pacientes compatíveis que estão aguardando em lista única da CET-MA, que é controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes e supervisionada pelo Ministério Público. O Maranhão possui hoje uma fila de espera com 710 pessoas aguardando por um transplante de córnea, aguardando a oportunidade de enxergar novamente. No Brasil, mais de 15 mil pessoas aguardam pelo procedimento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *