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A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, argumentou na quarta-feira, 25, que a disputa comercial em torno do suprimento global de energia está influenciando o debate climático no Brasil.

Em sua primeira entrevista exclusiva desde que assumiu o comando da estatal, Chambriard defendeu que não produzir petróleo, mas importá-lo, seria um contrassenso para as metas climáticas do país, elevando as emissões internas.

Ela também criticou o que chamou de “lobby exacerbado” dos países ricos, afirmando que a pressão para uma transição energética imediata beneficia economias que não possuem grandes reservas de petróleo.

Durante a entrevista ao programa Estúdio Eixos, Chambriard reforçou a importância de o Brasil continuar explorando petróleo, argumentando que o país possui um petróleo menos poluente, especialmente por conta da produção no pré-sal e da matriz energética majoritariamente limpa.

Além disso, destacou que a Petrobras será protagonista na redução dos preços do gás natural e no desenvolvimento de energias alternativas, como o etanol, enquanto contribui para a meta de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050.

Chambriard criticou o que considera uma tentativa dos países desenvolvidos de influenciar as decisões globais para tirar vantagem comercial.

Segundo a executiva, uma transição rápida e forçada sobrecarregaria economias em desenvolvimento, que teriam que arcar com altos custos de adaptação de infraestrutura.

Além de defender a exploração de petróleo, Chambriard afirmou que o Brasil já é um exemplo na adoção de energias renováveis, com mais de 50% da sua matriz energética proveniente de fontes limpas, muito acima da média global de 16%.

Ela também ressaltou que a Petrobras é responsável por apenas 2,1% das emissões de CO2 no Brasil, que, por sua vez, emite apenas 1% das emissões globais.

O presidente Lula também abordou a questão durante a 79ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, afirmando que o Brasil seguirá explorando novas fronteiras petrolíferas, como a Margem Equatorial, enquanto transforma a Petrobras em uma empresa de energia diversificada para o futuro.

“Quando o petróleo acabar, a Petrobras tem que estar produzindo outras energias que o Brasil e o mundo precisam”, disse a jornalistas no encerramento da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

Chambriard, em tom provocativo, questionou o impacto econômico de interromper a produção de petróleo: “vamos dizer que a Petrobras hoje pudesse fechar suas portas, não produzir mais nenhuma gota de petróleo e não explorar mais nenhuma oportunidade exploratória. O que vocês acham que aconteceria neste país?”

A executiva finalizou reafirmando o compromisso da Petrobras em equilibrar a exploração de petróleo com o desenvolvimento de energias limpas, garantindo que a transição energética seja viável para o Brasil sem comprometer sua segurança energética e econômica.

“Muito provavelmente, iríamos economizar 2,1% de 1% [de emissões], deixar entrar um combustível que é mais poluente do que o nosso e tornar o país muito mais pobre”.

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