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A mãe do maranhense de São João do Paraíso, Danilo Cavalcante, disse, em entrevista ao jornal The New York Times, antes de ele ser capturado pelo FBI, nos Estados Unidos, que preferia ver o filho morto do que se entregando à polícia norte-americana. Ela também disse que ele foi treinado para “sobreviver”.

Iracema Cavalcante acredita que, diante da condenação de prisão perpétua, é melhor que o filho morra agora. Se for “para ir para um lugar para sofrer e morrer naquele lugar, melhor antes morrer logo”, lamentou. “Não precisa sofrer tanto”, acrescentou.

A mãe disse que a trajetória de vida ensinou o filho a viver sozinho e enfrentar as adversidades. “O treinamento dele foi sofrer”, declarou a mãe. “Ele ia dormir com fome”, lembrou.

Com mais de 500 policiais até então na busca pelo maranhense, a mãe confessou que estava perdendo as esperanças e que via o filho “como morto”.

Ao comentar sobre a fuga do filho, ela garantiu que ele não representava “ameaça a ninguém”, apesar da polícia dos EUA afirmar que ele estava armado.

Para ela, o filho estava “apenas lutando para sobreviver”, como fez durante grande parte de sua vida. A mãe lembrou ainda que Cavalcante nunca foi à escola e começou a trabalhar aos cinco anos, como engraxate de sapatos. Aos sete anos, ele já trabalhava na lavoura da fazenda de outra pessoa.

“Éramos pobres. Somos humildes. Mas somos trabalhadores”, acrescentou.

Questionada sobre os crimes do filho, a mãe não contestou. Mas argumentou que em ambos os casos ele teria sido “encurralado”, sugerindo que sua ex-namorada ameaçou entregá-lo às autoridades e que o homem que ele matou a tiros em 2017 queria matá-lo primeiro. “Isso aconteceu? Aconteceu”, afirmou Iracema Cavalcante. “Mas aconteceu por causa do sufoco que ela impôs a ele, da postura que ela teve com ele.” Ela acrescenta: “Não foi feminicídio. Ele fez obrigado, ele não teve outra saída”.

Apesar disso, ela afirmou que Danilo deve enfrentar as consequências por seus crimes. Mas disse que considera a prisão perpétua “injusta”. “Se eu disser que meu filho não errou, eu estou mentindo. Eu sei que meu filho errou. Eu sei que meu filho deveria pagar pelo erro dele”, disse ela. “Mas eu queria que meu filho pagasse pelo erro dele com honestidade. Não pagar com a vida dele”.

A mãe esclareceu que se pudesse enviar uma mensagem ao filho, antes da prisão, não seria um apelo para que ele se entregasse, mas, sim, que “ele peça a Deus que o perdoe pelo que fez”.

Entenda o caso – Danilo Cavalcante foi condenado à prisão perpétua no último dia 22 por matar a facadas a ex-namorada Déborah Brandão, na época com 34 anos. Os dois são maranhenses, mas o crime ocorreu na cidade de Phoenixville, no estado da Pensilvânia (EUA).

O brasileiro escapou da prisão do condado de Chester na manhã de 31 de agosto. Ele foi classificado como um homem extremamente perigoso.

Segundo a promotoria, Danilo esfaqueou a mulher até a morte na frente dos filhos dela, de 4 e 7 anos. Ele não aceitava o fim do relacionamento do casal. O assassinato ocorreu em abril de 2021.

Após o crime, Cavalcante fugiu para o estado da Virgínia, mas foi preso pela polícia local menos de duas horas após o assassinato.

Sarah Brandão, irmã de Deborah, contou, numa entrevista ao site UOL, em 2021, sobre a dinâmica do que ocorreu: “Foi enquanto ela pegava as compras do supermercado no carro dela, com as crianças. Ele pegou ela pelo cabelo e a golpeou no tórax, deixando as crianças verem tudo”. (Com UOL).

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