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Capturar CO2 da atmosfera é mais econômico do que produzir hidrogênio a partir de fontes limpas, de acordo com pesquisadores da Universidade

Um estudo da Universidade Harvard lança dúvidas sobre a viabilidade do hidrogênio como combustível – no caso dos EUA.

Os pesquisadores dizem que os custos de produção, transporte e armazenamento do gás são mais altos do que o uso de combustíveis fósseis e a posterior remoção de carbono da atmosfera.

Gasoduto de hidrogênio verde

O estudo, publicado terça-feira na revista científica Joule, diz que, para reduzir a emissão de uma tonelada de dióxido de carbono, o gasto seria entre US$ 500 e US$ 1.250 com o hidrogênio verde.

Mas os preços de captura e armazenamento de carbono nos EUA atualmente variam entre US$ 100 e US$ 1 mil a tonelada, fazendo com que seja mais viável simplesmente extrair CO2 da atmosfera.

“O argumento é que o hidrogênio é caro agora, mas que os custos [de produção] cairão”, disse Roxana Shafiee, pesquisadora de pós-doutorado do Centro para o Meio Ambiente da Universidade de Harvard, que liderou o estudo.

“O ponto é que os custos de produção representam apenas uma parte da cadeia de suprimentos.”

“Se você olhar para a proposta de valor como um todo, não há como [ser rentável]”, acrescentou Shafiee.

O entusiasmo em torno do hidrogênio, um combustível limpo, e, em particular, do hidrogênio verde, que é produzido por meio de energia renovável, diminuiu neste ano, dado o aumento dos custos.

E o baixo interesse tanto dos produtores de energia quanto da indústria pesada suspenderam ou atrasaram vários projetos.

Os formuladores de políticas viram o gás — que pode ser queimado e, portanto, gerar as altas temperaturas necessárias para produzir materiais como cimento e aço de maneira ecologicamente correta — como uma espécie de canivete suíço para a produção de energia limpa, disse Shafiee.

“As pessoas estão ficando cada vez mais céticas em relação ao hidrogênio. Estão perdendo essa noção de que ele seria a bala de prata.”

O relatório foi divulgado uma semana depois de a Agência Internacional de Energia ter publicado sua última revisão global sobre a economia do hidrogênio.

O relatório observou que a demanda global pelo gás atingiu 97 milhões de toneladas em 2023, um aumento de 2,5% em comparação com 2022.

Embora a demanda por hidrogênio esteja crescendo, a organização com sede em Paris observou que a maior parte da produção potencial ainda está em fase de planejamento.

E disse “para que todos os projetos se materializem, o setor precisaria crescer a uma taxa de 90% ao ano entre 2024 e 2030, algo sem precedentes, bem acima do crescimento da energia solar durante suas fases mais rápidas de expansão”.

Além disso, “sinais de demanda pouco claros, obstáculos de financiamento, atrasos nos incentivos, incertezas regulatórias, questões de licenciamento e permissões e desafios operacionais” foram as principais barreiras ao crescimento.

“O entusiasmo foi muito grande, pois esperava-se que, em dez anos, o hidrogênio conseguiria alcançar o que o GNL (gás natural liquefeito) não foi capaz em 50 anos, nem a energia nuclear, que mal chegou a metade desse progresso em 70 anos”, disse Pierre-Etienne Franc, CEO da Hy24, gestora de investimentos especializada em hidrogênio limpo.

“As pessoas estão percebendo o que é preciso para promovermos uma nova onda de energia significativa — a última necessária para que a transição energética funcione.”

Franc acrescentou que os EUA estão atualmente “à frente” com o hidrogênio azul, mencionando vários grandes projetos no país que chegam à fase de decisões finais de investimento.

Os projetos de hidrogênio azul envolvem a produção de hidrogênio usando combustíveis fósseis como fonte de energia, com as emissões de carbono sendo capturadas.

Nos EUA, o programa fiscal 45Q fornece créditos para incentivar o investimento na captura e armazenamento de carbono.

“O sucesso dos projetos de hidrogênio azul em grande escala nos EUA e a escolha do país de avançar rumo à decisão final de investimento (FID) se deve em grande parte aos créditos fiscais de captura de carbono existentes. Essa é uma vitória para os Estados Unidos, pois permite o uso contínuo dos recursos do gás natural existentes e o desenvolvimento de produtos derivados de hidrogênio de baixo carbono, como aqueles obtidos do refinamento do petróleo, fertilizantes e e-combustíveis.

Eugene McKenna, vice-presidente sênior de hidrogênio e tecnologias sustentáveis da produtora química Johnson Matthey, disse que regulamentações claras e mais apoio a projetos de hidrogênio azul podem ajudar a impulsionar a indústria em outros lugares.

“As empresas tentam investir capital em projetos lucrativos para seus acionistas, e só investirão se houver sentido comercial. Elas não são instituições de caridade”, disse McKenna.

Ele acrescentou que os projetos de hidrogênio verde podem ser mais viáveis em lugares como Brasil e Austrália, onde as energias renováveis são mais abundantes, e azul em lugares como os EUA e o norte da Europa.

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