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Obra foi publicada com o apoio do Governo do Maranhão por meio da FAPEMA

 


Livros lançado no stand do Governo do Maranhão montado no pavilhão da ExpoT&C,na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém, Pará, destacam aspectos da cultura popular maranhense e da atividade extrativista do babaçu. São os livros ‘Quebradeiras de Coco Babaçu: Afirmação Identitária e Projetos Tecnológicos’ e ‘Tambor Toca Todo Tempo’, de autoria da professora da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Cynthia Carvalho Martins. As obras, que contaram com apoio da Fapema para suas publicações, mergulham na complexidade das práticas das quebradeiras de coco e usa da poesia para falar de ancestralidade. A SBPC prossegue até sábado este (13).

O livro ‘Quebradeiras de Coco Babaçu: Afirmação Identitária e Projetos Tecnológicos’ analisa como as quebradeiras de coco utilizam técnicas tradicionais e inovações tecnológicas para promover tanto a sustentabilidade econômica, quanto a afirmação cultural das comunidades locais. A publicação é resultado de extensas pesquisas, em diversos estados como Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins. “Estas máquinas, para além de ferramentas, são símbolos de resistência contra a destruição ambiental e a exploração desenfreada. Elas representam a capacidade de transformar nossa realidade, através do conhecimento tradicional e da inovação”, avalia a autora.

Nessas situações as dimensões econômicas e identitárias são indissociáveis, atualizando situações de resistência em face aos interesses meramente empresariais, observa a autora. A diversidade de máquinas, inventadas pelas próprias quebradeiras de coco e por metalúrgicos locais, expressa a possibilidade de uso integral do babaçu, a partir da feitura do carvão das cascas, do mesocarpo, do azeite, assim como sabonete, sabão, óleo e outros produtos comestíveis e cosméticos.

A obra analisa como as formas organizativas incorporam os diversos saberes de modo a potencializar as resistências às devastações, à queima do coco inteiro, ao envenenamento das pindobas e às formas de imobilização do trabalho. Essas diversas máquinas – cortadeiras, espinhas de peixe, forrageiras adaptadas, misturadeiras – sem eliminar a quebra manual com os machados, são expressão da detenção do saber quebrar o coco. Cynthia Martins demonstra como o machado, ao contrário de expressar um passado, expressa uma atualidade, possibilitado a emergência de afirmações identitárias.


Ainda hoje, a coleta e quebra do fruto é feita geralmente por mulheres, que saem juntas para colher o coco. A quebra é feita de forma artesanal, realizada com uma pedra e uma machadinha, extraindo de 4 a 5 amêndoas do coco. Estima-se que 1 milhão de quebradores de babaçu vivam nos estados em que ocorre a existência da palmeira.

Toque do Tambor

Em ‘Tambor Toca Todo Tempo’, ela traz uma coletânea de poemas que ecoam as vozes e as lutas ancestrais de diversos povos ao redor do mundo. Com uma prosa poética que celebra a resistência e a memória das comunidades tradicionais, o livro destaca a importância da terra e da identidade cultural na construção de um futuro sustentável. “A obra é um tributo às vidas e às histórias daqueles que enfrentaram desafios imensos em nome de suas terras e suas culturas. É um convite para que todos reconheçamos e celebremos essas histórias que, mesmo em face da adversidade, continuam a nos inspirar”, enfatizou.

O estudante de Ciências Sociais, Gabriel Cavalcante, de Tocantinópolis , visitou o stand da Fapema e acompanhou o lançamento das obras, parabenizando a iniciativa que reflete no conhecimento da cultura do Maranhão. “Muito importante termos essa referência, sobretudo por serem da nossa região e que serve toda comunidade, acadêmica ou não, reconhecer nossa cultura e essa atividade tão significativa. Parabenizo a Fapema por colocar estas temáticas na SBPC”, frisou.

O presidente da Fapema, Nordman Wall, pontuou o compromisso da instituição em valorizar e apoiar a pesquisa científica e cultural no Maranhão. “Estas obras são um testemunho do talento e da dedicação dos pesquisadores maranhenses em explorar e preservar nosso patrimônio cultural e ambiental. O estande da Fapema na SBPC é um ponto de encontro para o compartilhamento de conhecimento e o fortalecimento dos laços entre ciência, cultura e sociedade. A Fapema orgulha-se de ter apoiado a publicação dessas obras que são tão importantes para nossa identidade e para o desenvolvimento sustentável de nossa região”, disse.

Tambor toca todo tempo

Outra obra da autora que recebeu apoio da Fapema, livro tem escrita poética e faz erguer a voz e a luta de povos tradicionais pela terra e pela vida, avalia a poeta, antropóloga, professora e autora do livro, Cynthia Carvalho Martins sobre ‘Tambor toca todo tempo’, seu novo livro de poemas. Ela destaca que é um inventário alusivo às lutas ancestrais de diversos lugares do mundo e os poemas remetem ao som do tambor.


Ao longo dos textos, a autora nomeia lugares: Honduras, Argentina, Colômbia, passeia pelo Pacífico, por Buenaventura e seu porto, em Cartagena, San Basílio de Palenque e no Brasil, ela destaca o Maranhão. No entanto, mais do que espaços físicos e territórios, a poeta se debruça sobre nomes, sobre a história e a vida de pessoas que fizeram e ainda fazem da luta pela terra sua bandeira. “Legados que seguem adiante, levados por suas comunidades”, avalia.


Os poemas presentes em ‘Tambor Toca Todo Tempo’ reforçam o lugar de pesquisadora experiente de Cynthia Martins. Na obra, ela lança mão de sua longa trajetória, dedicada aos movimentos sociais, em especial aos quilombolas e às quebradeiras de coco babaçu. “É uma síntese do que as comunidades tradicionais, ao redor do mundo, aprenderam antes de nós e que agora, nós podemos ver de perto”, enfatiza.

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