No Brasil, mais de 90% das empresas são de micro e pequenas que contribuem com cerca de 20% do PIB e absorvem aproximadamente 70% da mão de obra formal.
Esses números revelam a potência dos pequenos negócios na economia do país.
De acordo com dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2014, em colaboração com o SEBRAE, que conduz pesquisas anuais para avaliar a atividade empreendedora em diversos países, incluindo o Brasil, foi observado um aumento na taxa de empreendedorismo no país ao longo de uma década, passando de 23% para 34,5% naquele ano.
Em escala global, o Brasil se destaca com a maior taxa de empreendedorismo, superando a China, o segundo colocado com uma taxa de 26,7%.
Contudo, apesar do impacto econômico considerável dessas empresas, muitas delas enfrentam um ciclo de vida curto. Conforme o mais recente estudo “Demografia das Empresas e Estatística do Empreendedorismo 2021” do IBGE, que se baseia em dados do eSocial, apenas 40% dos negócios iniciados conseguem se manter após cinco anos de atividade.
Esse índice de mortalidade, documentado em 2021, destaca um desafio contínuo: a durabilidade das pequenas empresas.
Embora haja um discurso recorrente que associa o empreendedorismo à autonomia e à liberdade de horários, na prática, observa-se que a maioria dos empreendedores, com raras exceções, continua a ser trabalhador.
Eles muitas vezes não conseguem desfrutar da autonomia prometida, sendo ainda presos à dinâmica do capital e à busca por ascensão social.
Apesar da ilusão de trabalhar para si mesmo, o empreendedor se encontra subjugado ao mercado e aos rigorosos padrões dos agentes financeiros. Na realidade, ele se torna refém do mercado, sendo seu próprio e mais exigente empregador.
Movidos pela vontade de fazer seu dinheiro render, os empreendedores investem toda sua energia no empreendimento, independentemente do tamanho da jornada de trabalho.
Existe um objetivo a ser alcançado, impulsionado pela crença na conquista da tão desejada independência financeira.
Não se busca desencorajar aqueles que aspiram ao empreendedorismo; ao contrário, é essencial conscientizá-los sobre a necessidade de considerar os riscos inerentes ao lançamento de um negócio.
Os dados estatísticos falam por si só: apesar das iniciativas governamentais, como a Lei da Liberdade Econômica, a criação do Ministério das Micro e Pequenas Empresas e a implementação do sistema REDESIM para desburocratização do registro e legalização de empresas, por parte do governo do estado, ainda enfrentamos um longo caminho à frente.
Enormes desafios persistem para que os empreendedores possam superar obstáculos e alcançar sucesso sustentável em suas empreitadas.
Entretanto, a ideia de que ter seu próprio negócio é fácil, proporciona mais tempo livre e garante ganhos rápidos é apenas uma ilusão.
O empreendedor trabalha incessantemente, 24 horas por dia, sem descanso, pois sem dedicação, o negócio não sai do papel. Por mais que pareça redundante, conhecer profundamente o negócio, buscar diferenciação e planejar estrategicamente são fundamentais para não fazer parte dos 60% que fecham as portas antes de completar cinco anos de existência.
*Sérgio Sombra – (Presidente da Junta Comercial do Estado do Maranhão (Jucema)