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Infância, adolescência, vida adulta. Kelvislan Costa dos Santos nunca experimentou uma vida comum. Natural de Santana do Maranhão, o jovem cresceu sob olhares curiosos em razão da anomalia de fissura labiopalatina, uma fenda no lábio superior e palato. “Por onde eu andava as pessoas ficavam me olhando, falando. Deixei de fazer muita coisa por conta desse problema”, lamenta.

Nesta terça-feira (19), Kelvislan foi um dos beneficiados pelo procedimento de reconstrução voltado ao público adulto realizado no Hospital Dr. Carlos Macieira. A medida acontece após a destinação da emenda do deputado estadual Carlos Lula (PSB). “Fazer esse procedimento, depois de 21 anos vivendo com a fissura labiopalatina, é uma alegria muito grande. Acredito que depois desse procedimento será uma nova vida”, comemora o jovem.

A emenda do deputado estadual já havia beneficiado crianças no Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos, na segunda-feira (18). No segundo dia do mutirão, Carlos Lula acompanhou os procedimentos e destacou o imediato impacto da cirurgia em pessoas adultas.

“Hoje, estamos acompanhando os adultos e nesse caso é ainda mais gratificante, pois eles esperavam há muitos anos e agora estão conseguindo realizar o seu procedimento. É uma grande alegria e satisfação de ver emoção deles em conseguir mudar a sua vida com a realização desse procedimento cirúrgico”, destacou.

Complexidade

Os especialistas apontam a complexidade da cirurgia tardia, que resulta em distúrbios da fala, problemas de respiração, dificuldade de mastigação, bem como aumento na incidência da pneumonia de aspiração. Para a diretora da ONG Céu da Boca, Ingrid Consolaro, a cirurgia de fissura labiopalatina em pessoas adultas é um primeiro passo para reconstruir a natureza funcional, estética, emocional e clínica dos pacientes.

“Os casos, com certeza, se tornam mais complexos, pois a face cresce em cima de uma deformidade. São pacientes com 20, 30, 40 e até 60 anos que estão fechando o palato agora. Observamos que ao conseguir integrar esses pacientes na sociedade, ganha todo mundo. Quando conseguimos colocar esse paciente de volta ao convívio social a partir da realização da cirurgia é uma alegria para todos nós”, ressaltou.

Há um ano, o estudante universitário Flávio Silva Santos, de 22 anos, passou pelo procedimento. Para o jovem, o impacto pós-cirúrgico foi completo e deu a ele a possibilidade a lutar pelos próprios sonhos.

“Conviver com a fissura palatina durante esses anos me impossibilitou de ter um convívio social com as pessoas. Eu tinha vergonha de conversar, pois era muita insegurança. Fazer a cirurgia mudou a minha vida. Eu, que morava em Barreirinhas, me mudei para São Luís e estou em um curso universitário de odontologia. Hoje eu tenho uma comunicação mais clara e pude finalmente realizar o meu sonho”, contou.

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