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O agronegócio brasileiro se depara com um desafio nos próximos anos: atender à crescente demanda por alimentos sem expandir o desmatamento.

Uma alternativa viável reside nos 100 milhões de hectares de pastagens degradadas.

A restauração dessas áreas possibilita o aumento da produção sem a necessidade de mais desmatamento, contribuindo para a redução da pegada de carbono.

Isso pode ser alcançado através da utilização para pecuária, conversão em terras agrícolas ou integração de atividades.

Dados recentes do Lapig (Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento) da Universidade Federal de Goiás (UFG) revelam que 63% dos 161 milhões de hectares de pastagens no Brasil estão degradados, especialmente na Amazônia e no Cerrado.

Embora haja progressos na recuperação dessas áreas, ainda há muito por fazer.

Atualmente, os produtores brasileiros estão convertendo de 1 a 2 milhões de hectares de áreas degradadas em terras aptas para agricultura de forma orgânica por ano.

O financiamento para essa conversão de pastagens é viabilizado pelo RenovaAgro (anteriormente conhecido como Plano ABC+) dentro do contexto do Plano Safra.

O governo federal pretende acelerar o processo de recuperação de áreas degradadas para até 4 milhões de hectares por ano.

A meta é recuperar 40 milhões de hectares em uma década, parte destinada novamente à pecuária e outra convertida para agricultura, dependendo da aptidão de cada região.

O Ministério estima um custo médio de cerca de US$ 3 mil por hectare para a conversão de pastagens, resultando em um investimento total máximo de US$ 120 bilhões (equivalente a R$ 600 bilhões), considerando a meta de recuperação de 40 milhões de hectares em dez anos.

Para alcançar esse objetivo, o governo planeja oferecer linhas de crédito específicas para a conversão aos produtores rurais.

De acordo com Carlos Ernesto Augustin, assessor especial do ministro da Agricultura, o foco do governo é atrair investimentos estrangeiros direcionados à segurança alimentar através de práticas de produção de baixo carbono.

Além disso, busca estabelecer parcerias com o setor privado para impulsionar o programa, especialmente com fundos soberanos, bancos de investimento e empresas multinacionais do agronegócio.

A estratégia é viabilizar a captação de recursos estrangeiros por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que funcionará como um fundo garantidor.

Esses recursos serão disponibilizados aos produtores com taxas de juros mais atrativas e limites individuais de crédito maiores do que os oferecidos pelo crédito convencional, embora os detalhes ainda estejam por serem definidos, conforme Augustin.

A previsão é de que o programa seja lançado em 22 de novembro.

Caio Penido, presidente do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), destaca a importância não apenas do acesso a crédito para os pecuaristas, mas também da necessidade de profissionalização no processo de recuperação das áreas degradadas.

Ele ressalta que apenas em Mato Grosso, o maior produtor nacional de grãos e carne bovina, mais de 14 milhões de hectares estão em diferentes estágios de degradação. Além disso, o Imac está explorando a possibilidade de criar grupos de produtores em proximidade com as indústrias para agilizar a restauração das pastagens degradadas.

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