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O acúmulo de um déficit de mais de R$ 102 bilhões nas contas públicas, revelado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para o período de janeiro a agosto deste ano, tem gerado preocupação entre analistas econômicos. Esse déficit ocorre quando as despesas do governo superam suas receitas, representando uma reversão em relação ao superávit de R$ 26,3 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior. Esse resultado foi alvo de análises por parte de especialistas em economia, que ofereceram perspectivas sobre a situação e possíveis soluções.

Renan Gomes De Pieri, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), observa que o aumento do déficit público é preocupante, destacando que o Brasil enfrenta uma questão crônica em suas contas públicas. Ele enfatiza que a variação ano a ano está relacionada a medidas tomadas no passado, incluindo receitas extraordinárias provenientes da venda de ativos governamentais e a manutenção dos salários dos funcionários públicos durante a pandemia. De Pieri também ressalta que o déficit tem implicações na dívida pública e dificulta os esforços do Banco Central para controlar a inflação e reduzir as taxas de juros.

José Luiz Pagnussat, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), enfatiza a importância de cortar despesas urgentemente para evitar que o déficit se agrave ainda mais. Ele sugere que o governo faça contingenciamentos e reduza as autorizações de gastos em ministérios para atender às metas fiscais.

Newton Marques, economista aposentado do Banco Central e professor licenciado da UnB, acredita que o governo não parece disposto a cortar despesas, principalmente em seu primeiro ano de mandato, quando busca cumprir promessas de campanha. Ele aponta que a solução mais viável parece ser controlar as despesas.

Por outro lado, Rodolfo Tamanaha, professor de Ciência Política e Economia do Ibmec Brasília, argumenta que cortes em áreas como o programa Bolsa Família não seriam apropriados, visto que essas despesas são essenciais para uma parte significativa da população brasileira. Ele enfatiza a necessidade de incentivar a atividade econômica, o que, por sua vez, aumentaria a arrecadação tributária e ajudaria a aliviar o déficit.

Em resumo, a preocupação com o déficit nas contas públicas está relacionada à necessidade de o governo adotar medidas eficazes para controlar os gastos e garantir a sustentabilidade fiscal, ao mesmo tempo em que mantém investimentos em áreas críticas para o bem-estar da população.

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