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A empresária Júlia Emília Mello Lotufo, de 31 anos, envolveu-se numa confusão, nesse domingo, 17, no restaurante Black Sushi, localizado no Jardim Goiás, em Goiânia, com o advogado maranhense Antônio Higino de Oliveira, com  inscrição 15705, na OAB-MA e endereço profissional no Recanto Vinhais, em São Luís. Ex-procurada da Justiça, Júlia Emília é viúva do miliciano e ex-capitão do BOPE do Rio de Janeiro Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como dono da milícia da região de Rio das Pedras, zona Oeste do Rio, morto em fevereiro de 2020, em um sítio no interior da Bahia, em suposto confronto com policiais militares.

O advogado Higino e sua namorada Rosi Lopes

A confusão no restaurante – O advogado Antônio Higino estava no Black Sushi de Goiânia, cidade onde reside atualmente, acompanhado de sua namorada, a empresária maranhense Rosi Lopes, quando foi surpreendido por Júlia Emília, que estava acompanhada de dois homens. Júlia teria ido até a sua mesa e passado a lhe dirigir palavras ofensivas.

O motivo da agressão moral é que Higino era advogado de Júlia, que o acusa de fazer ‘jogo duplo’ quando este trabalhava para ela. Nesse domingo, quando o maranhense estava jantando, ela chegou com os dois homens que, em meio às ofensas, tentaram tomar os celulares dele e de sua namorada Rosi Lopes, que estava filmando as cenas do incidente. Como Júlia é procurada da Justiça, a suspeita é de que os dois homens tentaram tomar os celulares com receio de que o advogado a entregasse à Polícia.

Nota de repúdio – Após a confusão, Rosi postou em suas redes sociais o que considerou descaso do restaurante, por não impedir a ação de Júlia e seus acompanhantes. Rosi foi mulher de dois prefeitos e de um vice-prefeito maranhenses, e hoje namora com Antônio Higino, que, além de Goiás, prestaria serviços advocatícios em São Luís (MA).

“Nota de Repúdio à omissão de socorro e segurança do recém inaugurado Restaurante Black Sushi, localizado no Jardim Goiás”, postou Rosi Lopes. Ela disse que estava acompanhada (não citou o nome do advogado Higino), quando Júlia chegou e “começou a proferir uma série de acusações indevidas contra a pessoa que eu estava, e, posteriormente, me ameaçando fisicamente e moralmente, gerando um transtorno enorme. Prontamente acionamos a segurança do local que se manteve omissa a toda a situação, deixando com que a confusão se estendesse. Logo depois chegou a pessoa que ela estava acompanhada, um homem que chegou aumentando mais ainda a confusão. Pedimos novamente para que a segurança interviesse, eis que pediram que mudássemos de local indevidamente, uma vez que ela veio onde estávamos jantando, ok”! Mudamos, pois a nossa intenção era justamente acabar imediatamente com a confusão e continuar o nosso jantar”.

Rosi Lopes prosseguiu: “Estando em outro lugar, dez minutos depois, novamente veio Júlia Lotufo, acompanhada, acusando-nos indevidamente de ter tirado fotos deles e querendo tomar nossos celulares, exigindo que mostrássemos o celular, sendo que este fato não ocorreu. Mais uma vez pedimos ajuda à segurança do restaurante, mas se mantiveram completamente omissos e inertes à situação de ameaça gerada. Em seguida, constrangida a mostrar minha galeria de fotos para a segurança, mesmo sabendo que não devia fazê-lo, foi quando eu disse, para o rapaz que acompanhava Júlia, que nos nossos celulares ninguém mexeria, e ele disse que nos esperaria lá embaixo e nos tomaria os celulares. Nesse momento, relatamos o fato à gerência do restaurante, e eles falaram que nada podiam fazer. Diante da omissão, ligamos para a polícia militar, e fica aqui o meu agradecimento, pois prontamente chegaram ao local”.

“Novamente, com a chegada da PM/GO para garantir a nossa saída do local com segurança, a gerência não deixou a polícia subir, pois não queria policiais no estabelecimento. Ou seja, além de não garantir a nossa segurança, impediram que a PM/GO realizasse o seu trabalho”, disse a namorada do advogado, deixando, por fim, o seu repúdio ao restaurante Black Sushi.

A história de Júlia Emília – Após a morte do miliciano e ex-PM Adriano da Nóbrega, em 2020, Júlia Emília foi alvo da Operação Gárgula, desencadeada em 29 de março de 2021, no Rio de Janeiro. Ela e mais oito integrantes da quadrilha foram denunciados pelo Gaeco-RJ por crimes de associação criminosa, agiotagem e lavagem de dinheiro proveniente do espólio do miliciano.

O processo foi desmembrado e Júlia passou a responder em separado dos demais réus. Ao contrário deles, nunca foi presa, apesar de ter a prisão preventiva decretada. Ficou foragida até conseguir um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que lhe concedeu prisão domiciliar, além do uso de tornozeleira eletrônica.

Julia Emilia Mello Lotufo, na época com 29 anos, viúva do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, era vista como uma pessoa nada discreta. Numa das interceptações telefônicas no celular dela, feita com autorização da Justiça, a pedido do Ministério Público do Rio (MPRJ), Julia faz queixa do ex-capitão do Bope a uma amiga. A conversa ocorre no dia 30 de agosto de 2019; portanto, cerca de seis meses antes de o miliciano morrer numa ação da polícia baiana, num sítio em Esplanada, na Bahia, onde se escondia. No trecho, ela conta que Adriano, que estava foragido, estaria com ‘raiva’ por ela morar numa cobertura no Recreio, na Zona Oeste do Rio, e estar de carro zero. A viúva reclama do controle dele com seus gastos e comenta: “não faz nem cosquinha no bolso do Adriano”.

A viúva de Adriano referia-se, de acordo com as investigações, à fortuna acumulada pelo ex-capitão do Bope em negócios ilícitos, seja como chefe de uma milícia, seja como matador de aluguel. Mas apesar de o miliciano cobrar discrição e mais controle no dinheiro do casal, era Julia quem comandava as finanças dele, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ.

As investigações do Gaeco revelaram ainda que, como Adriano não tinha bens em seu nome, ele fazia uso de laranjas. Depois da morte dele, a quadrilha passou a se desfazer desses bens. Segundo o relatório da promotoria, Julia “exercia a função de gerir e de investir valores vultosos em setores diversos, provavelmente originados de seu companheiro Adriano, como um depósito/bar e restaurante, empréstimos e negociação de gados e cavalos”.

Resistência à polícia

Poucas horas após Adriano ser morto, a irmã dele, Tatiana da Nóbrega, que na época morava no Haras Fazenda Modelo do miliciano, em Guapimirim, município da Baixada Fluminense, fala com uma tia que precisa vender o gado do ex-capitão do Bope. Numa outra interceptação, dois dias depois, ela e outra irmã do ex-capitão, Daniela, conversam sobre a execução dele. Segundo Daniela, Adriano teria lhe contado que “não iria se entregar e que ele não seria miliciano, mas sim bicheiro”, ou seja, ele iria resistir à prisão.

Júlia com o ex-PM e miliciano Adriano da Nóbrega

 

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