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Há exatos 20 anos, o então deputado Carlos Alberto Milhomem, mais conhecido como Tatá Milhomem, foi o protagonista de uma das mais complicadas sucessões já ocorridas na Assembleia Legislativa do Maranhão.

Na época, ele conseguiu encerrar o ciclo de Manoel Ribeiro na presidência da Casa, ao término de uma eleição cheia de lances surpreendentes. Estes lances até então imprevisíveis acabaram dando a vitória a Tatá, naquele memorável fim de tarde de 1º de fevereiro de 2003.
Na condição de candidato único, Milhomem recebeu 40 dos 42 votos. Apenas os deputados Domingos Dutra e Helena Heluy, ambos do PT, votaram nulo. A decisão da base governista de lançar um candidato de consenso foi acertada durante a madrugada, após dois meses de intensas disputas entre Manoel Ribeiro e o grupo na época liderado pelo PFL, que fazia oposição a ele.
Além de Milhomem, o grupo “dissidente” do PFL elegeu também todos os outros cargos da Mesa Diretora, numa disputa com os aliados de Manoel Ribeiro. A disputa pelos demais cargos da Mesa ocorreu porque não houve consenso dos dois grupos para a composição da chapa que seria encabeçada por Carlos Alberto Milhomem. O grupo liderado por Manoel Ribeiro defendia a indicação de todos os demais cargos. Já o PFL queria uma divisão proporcional entre os dois grupos.
Na primeira votação, Milhomem foi declarado eleito com 40 votos e imediatamente empossado pelo então presidente Manoel Ribeiro. A eleição para os outros cargos foi para um segundo escrutínio porque nenhuma das chapas atingiu a maioria absoluta dos votos (22 votos). O resultado foi 21 a 19 para a chapa “Mudança”. Após intervalo de 15 minutos, sem que os grupos chegassem a um acordo, foi convocado o segundo escrutínio, já sob o comando do presidente Carlos Alberto Milhomem.
O resultado foi o mesmo: 21 a 19. “Quero registrar minha satisfação porque, nesta tarde histórica, a mudança venceu o individualismo”, desabafou o deputado Arnaldo Melo, numa referência ao nome das duas chapas. Melo chegou a ser candidato a presidente, mas renunciou, juntamente com Manoel Ribeiro, em nome do consenso na base governista.

A era pós-Manoel Ribeiro
no Parlamento do Maranhão

Como é sabido, o prefixo pós é empregado para indicar que algo como um período ou um acontecimento histórico ou um dado concreto qualquer se encontra encerrado, ultrapassado (por exemplo: pós-feudalismo, pós-guerra, pós-graduação, pós-escrito, pós-moderno, pós-ditadura, pós-Sarney, pós-Bolsonaro etc).
No caso da Assembleia Legislativa do Maranhão, a era Manoel Ribeiro iniciou-se em setembro de 1991, por ocasião da morte do então presidente da Alema, Nagib Haickel. Político tarimbado e veterano, Manoel Ribeiro começou como vereador. Foi presidente da Câmara Municipal de São Luís por dois mandatos consecutivos.
Mas o seu reinado maior ocorreu na Assembléia, para onde foi eleito em 1990. Logo no primeiro mandato, na eleição da Mesa Diretora, conseguiu se eleger como vice-presidente. Assumiu a presidência com o falecimento de Nagib Haickel, elegendo-se seguidamente por cinco vezes. Comandou o Legislativo estadual até janeiro de 2003 – portanto foram 12 anos ininterruptos. O ciclo de Manoel Ribeiro encerrou-se no dia 1º de fevereiro de 2003, data em que foi derrotado por Tatá Milhomem
Depois disso, numa dura disputa do então governador José Reinaldo Tavares contra o grupo Sarney, o deputado João Evangelista foi eleito presidente da Assembléia Legislativa para o biênio 2005/2007, no dia 31 de janeiro de 2005. Ele obteve 27 dos 42 votos. Seu adversário na disputa, Mauro Bezerra (PDT), obteve sete votos. Votaram nulos os deputados Helena Heluy e Domingos Dutra (ambos do PT), além de Aderson Lago (PSDB). Os deputados Max Barros, César Pires, Chico Gomes (todos do PFL), Teresa Murad (PSB) e Carlos Filho (PV) votaram em branco.
No dia 1º de fevereiro de 2007, João Evangelista elegeu-se presidente da Assembléia Legislativa, pela segunda vez e sem ter adversário. Ele obteve 34 votos dos deputados. Oitos deputados – Arnaldo Melo, Soliney Silva e Alberto Franco (PSDB), Marcos Caldas (PMN), Carlos Braide (PDT), Max Barros e Vitor Mendes (PFL) e Penaldon Moreira (PSC) – não compareceram por não concordarem com a reeleição do então presidente.
Depois de João Evangelista, Marcelo Tavares, atual presidente do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, foi presidente da Assembleia Legislativa (2009-2011). No dia 1º de fevereiro de 2011, Arnaldo Melo foi eleito presidente da Assembleia Legislativa para o biênio 2011-2013 e reeleito para o biênio 2013-2015.
Em 2014, Humberto Coutinho retornou à Assembleia Legislativa como o deputado mais votado das oposições, com 67.982 votos, e foi eleito presidente da Alema no pleito realizado no dia 1º de fevereiro de 2015, sendo reeleito no dia 10 de março de 2016. (Do Jornal Pequeno).

LEGENDA
João Evangelista ganhou a presidência da Assembleia em 31/01/2005 e 02/02/2007; Marcelo Tavares em 1º/12/2008 e Arnaldo Melo em 1º/02/2011 e 12/07/2012