Novo ministro afirmou que Polícia Federal atuará para desvendar o crime. Marielle foi assassinada em 2018, e atiradores foram presos; mas ainda não há avanço sobre mandantes e o motivo do crime.
Dino deu a declaração em solenidade que marcou o início do trabalho dele na pasta. O ministro mencionou uma conversa que teve com a também ministra e irmã de Marielle, Anielle Franco (Igualdade Racial).
“Eu disse à ministra Anielle e a sua mãe que é uma questão de honra do Estado brasileiro empreender todos os esforços possíveis e cabíveis, e a Polícia Federal assim atuará, para que esse crime seja desvendado definitivamente e nós saibamos quem matou Marielle e quem mandou matar Marielle Franco naquele dia no Rio de Janeiro”, afirmou o ministro.
Como está a investigação – Marielle foi assassinada a tiros em março de 2018, quando era vereadora do Rio de Janeiro. Ela foi alvejada dentro do carro, na saída da Câmara dos Vereadores, junto com o motorista Anderson Gomes.
Ao longo desse tempo, houve troca-troca no comando das investigações. Três grupos diferentes de promotores ficaram à frente do caso no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Na Polícia Civil, o quinto delegado assumiu há pouco mais de um mês.
A força-tarefa que investiga o crime afirma ter encontrado os executores e descoberto a dinâmica da noite de 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, na região central do Rio.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz como os assassinos de Marielle e de Anderson. Os ex-PMs, presos em penitenciárias federais fora do RJ, vão a júri popular, ainda não marcado.
Ainda não se sabe, no entanto, quem foram os mandantes nem por quais motivos Marielle e Anderson foram mortos.
Desarmamento – Dino também citou como prioridade o controle responsável do acesso a armas de fogo. “Nossa sociedade não pode ser governada segundo a lei do mais forte, segundo parâmetros de guerra, de todos contra todos”, disse.
Para o ministro, as armas devem estar “nas mãos certas” e o país não deve abrir brechas para que elas sejam usadas para alimentar o crime organizado. Ações de inteligência e descapitalização das organizações criminosas, inclusive, estão na lista de prioridades do novo ministro.
Assuntos que envolvam direitos digitais e crimes cibernéticos também estão no radar da pasta, segundo o ministro. “Não podemos imaginar a internet como uma ágora sem lei. Temos de imaginar como terreno regulado democraticamente para que a liberdade seja verdadeira”, disse.
O ministério atuará ainda no combate aos crimes ambientais, especialmente na Amazônia — uma “prioridade essencial, que diz respeito à segurança climática do Brasil e do mundo, mas também à nova política externa”, destacou Dino.
Aumento dos combustíveis – Ao citar o direito dos consumidores como uma das prioridades da pasta, Dino disse que já orientou a equipe ministerial a verificar a situação dos aumentos “irrazoáveis e imoderados” observados nos preços dos combustíveis nos postos nos últimos dias. “Não há nenhuma razão objetiva a tanto, sugerindo a incidência do Código de Defesa do Consumidor”, disse.
O ministério também terá um sistema integrado de Segurança Pública, com a participação de estados e municípios, e reativará o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, com foco em políticas sociais em territórios vulneráveis.
O ministro mandou um recado aos policiais, grupo que em grande parte apoiava o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Queremos que todos os policiais do nosso país considerem esse ministério como seu. Não importa o voto de ontem ou de amanhã. O que importa é o cumprimento do dever funcional, de acordo com os ditames da lei e da hierarquia”, disse. (Com G1 e CNN)