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Horas depois de o Senado eleger Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como novo presidente, Arthur Lira (PP-AL) conquistou a presidência da Câmara dos Deputados. Sua eleição marca a vitória de Bolsonaro, que atuou ativamente por sua candidatura, e a derrota de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Lira foi eleito em primeiro turno, com 302 votos, contra 145 de Baleia Rossi (MDB-SP). Seis candidatos dividiram outros 56 votos.

Ao assumir o comando da Câmara, Lira defendeu “neutralidade” da presidência da Casa, criticou Maia diversas vezes e indicou que retomará a discussão sobre um mecanismo de proteção social para brasileiros vulneráveis na pandemia.

Como primeiro ato, Lira indeferiu o registro do bloco de Baleia e, desta forma, retirou da Mesa Diretora da Câmara os partidos que apoiaram o adversário, como PT, PSDB e Rede, apesar de acordo costurado ontem à tarde.

Antes da votação, Maia chorou ao se despedir do cargo, disse que estava honrado por presidir a Câmara e pregou conciliação entre os deputados. A derrota de seu candidato, no entanto, esvazia seu capital político, e Maia terá que se recolocar na arena política para influenciar as escolhas dos partidos de centro em 2022.

O governo federal teve participação ativa na eleição de Lira e Pacheco. O Planalto já se prepara para acolher parlamentares que votaram em candidatos que fizeram campanha com discurso crítico ao governo. O plano é evitar que ressentimentos se reflitam nas próximas votações.

O risco de Bolsonaro sofrer impeachment nos próximos meses fica enfraquecido com a eleição de aliados no Congresso.

Veja o que muda com a nova configuração da Câmara e do Senado.

O Planalto terá o desafio de arcar com o custo das vitórias e precisará inventar dinheiro novo para pagar emendas prometidas aos parlamentares e estender os compromissos sociais para estancar a queda de sua popularidade, afirma Pedro Doria.

Enquanto isso, Lira e Ciro Nogueira, presidente do PP, querem reunificar o centrão e entregá-lo para Bolsonaro na campanha de reeleição, em 2022, aponta Thiago Prado. (Essencial – O Globo)