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EXECRAÇÃO PÚBLICA

“Não podemos deixá-los cuspir na nossa cara sempre”, disparou, na manhã desta sexta-feira, o vereador Carlos Bolsonaro nas redes sociais, inaugurando, na avaliação do jornalista Josias de Sousa, algo muito parecido com uma campanha de execração pública dos parlamentares que votaram a favor da retirada do Coaf das mãos do ministro Sergio Moro. O filho de Jair Bolsonaro, o ‘Zero Dois’, fez o ataque no Instagram, ao lado de galeria de 14 congressistas que aprovaram numa comissão especial a devolução do Coaf à pasta da Economia, chefiada por Paulo Guedes.

O painel reproduzido por Carlos Bolsonaro foi jogado nas redes sociais pelo deputado federal Filipe Barros (PR), do PSL, partido do presidente e as fotos expõem a parceria que parlamentares do centrão firmaram com colegas da oposição.

Uniram-se para derrotar o governo na votação da medida provisória que reorganizou os ministérios. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Zero Três, ecoou o irmão no Twitter: “A quem interessa enfraquecer Sergio Moro?”, indagou.
A galeria dos “inimigos” de Moro inclui dois comandantes da articulação que constrangeu o Planalto, ambos do PP, partido que encabeça o centrão: o senador Ciro Nogueira (PI), presidente da legenda; e o deputado Arthur Lira (AL), líder do partido na Câmara.

Exibe também as fotos de dois correligionários do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), no DEM: o senador Jayme Campos (MT) e o deputado Elmar Nascimento (BA), líder na Câmara. Carlos Bolsonaro foi às redes como quem risca um fósforo à procura de gasolina no fundo de um tonel. Reproduziu um tuíte no qual o DEM é tachado de fisiológico. O texto menciona a presença de “um líder do DEM” no rol dos congressistas que criaram “dificuldades para o governo. E arremata: “Puro fisiologismo! E dizer que este partido é considerado base do governo!” Sob Bolsonaro, o DEM controla três ministérios: a Casa Civil, com Onyx Lorenzoni; a Agricultura, com Tereza Cristina; e a Saúde, com Luiz Henrique Mandetta. Daí a revolta de Carlucho. Na tarde desta quinta-feira, nas pegadas das derrotas sofridas pelo Planalto, o filho tuiteiro do presidente já havia postado uma convocação para a “batalha” do Coaf. Instou a “população” a pressionar os congressistas. À noite, reiterou a convocação: “População, respeitosamente, acordemos! As coisas estão todas invertidas e muitos ainda não percebem.

As postagens incendeiam a milícia virtual do bolsonarismo nas redes sociais. Ao lado da galeria com as fotos dos “inimigos” de Sergio Moro, por exemplo, pipocaram mensagens abrasivas. Nelas, os parlamentares expostos pelo filho de Bolsonaro são ofendidos à larga: “safados”, “corruptos”, “hipócritas”, “traidores”, “canalhas”, “larápios”, “imbecis”. (Com Josias de Sousa)