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O documento sobre a conta secreta de Roseana Sarney, no valor de US$ 150 mil, no banco suíço Julius Baer, nas Ilhas Caimã (território ultramarino britânico no Caribe), foi vazado pelo Wikileaks em 2009 (e divulgado inclusive pelo Jornal Pequeno), mas nunca mereceu nenhuma atenção da mídia nacional nem do governo brasileiro, apesar de ter um inquestionável interesse público.

No documento, o Wikileaks registra um dinheiro que a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney teria nas Caimãs, um dos mais notórios paraísos fiscais do mundo.

Veja o registro no site Wikileaks:

Bank Julius Baer: Brazilian senator Roseana Sarney estimated USD 150M in Caymans, 1999

Unless otherwise specified, the document described here:

Was first publicly revealed by WikiLeaks working with our source.

Was classified, confidential, censored or otherwise withheld from the public before release.

Is of political, diplomatic, ethical or historical significance.

Any questions about this document’s veracity are noted.

The summary is approved by the editorial board.

Release date

March 5, 2009

Summary

Brazilian Authorities may be curious to learn about the set of interlocking companies and trusts established by a lawyer from Rio de Janeiro named Jose Brafman. The files link the assets via Brafman, Antrade to Roseana Sarney, a member of the Brazilian senate, daughter of a former president. She was a possible candidate for becoming president of Brazil in the 2002 elections. Unfortunately, she was forced to step down in a corruption scandal after police raided her home and found $570,000 in unexplained cash. Senator Sarney may well have a perfectly good explanation for the offshore funds but those may give her more of a headache with the Brazilian tax authorities it is assumed.

These are the 1999 Cayman Islands trust records from the Swiss Bank Julius Baer for the account.

File size in bytes

647872

File type information

Zip archive data, at least v2.0 to extract

Cryptographic identity

SHA256 051bf36855ff54485b814d2eb353c529142a726a370534e44d12f3ab116e323e

Em janeiro de 2011, o jornal O Globo também publicou que documentos em poder do executivo suíço Rudolf Elmer (preso na ocasião por quebra de sigilo bancário) mostravam que Roseana Sarney, e o marido dela, Jorge Murad, fizeram operações secretas no banco Julius Baer, nas Ilhas Caimã e Ilhas Virgens, dois dos mais conhecidos paraísos fiscais.

Elmer entregou uma parte dos papéis – uma lista com nomes de dois mil empresários e políticos acusados de movimentação de dinheiro de origem suspeita – ao fundador do site WikiLeaks, Julian Assange.

Para Elmer, essa seria uma forma de combater a sonegação, a corrupção e a lavagem de dinheiro em âmbito internacional.

Segundo a lista de Elmer, que foi parar no Wikileaks, os nomes de Roseana e Jorge Murad aparecem associados à Coronado Trust-JBTC, que seria administrada pelo também brasileiro Joseph Brafman. Na lista de Rudolf, Roseana e Murad aparecem como emissários de um depósito de US$ 10 mil.

A transação foi feita numa operação triangular com a Totar Business Corporation, empresa aberta nas Ilhas Virgens para gerenciar a Coronado Trust e, com isso, dificultar ainda mais a identificação dos verdadeiros donos do negócio.

O repasse foi registrado em 27 de setembro de 1993. Roseana e Murad fundaram a Coronado Trust em 1993 e a mantiveram aberta até 1999. Trust é uma espécie de contrato que dá ao titular poderes para fazer movimentações financeiras e patrimoniais em nome de terceiros.

Entre os brasileiros da lista de Elmer estão ainda Luiz Fernando da Cruz Secco e Sônia Silva da Cruz Secco, destinatários de US$ 900 mil. Os dois são do Rio de Janeiro. Aparece também o nome da Fabus Foundation, cujo contato é José Diniz de Souza, também beneficiário de US$ 900 mil. Pelos documentos, a Foundation tem sede em Campinas. Na lista constam ainda nomes de americanos, ingleses, alemães, espanhóis, árabes, chineses, canadenses, argentinos, gregos, irlandeses, libaneses, mexicanos, malteses, peruanos e suíços, entre outros.

Rudolf Elmer disse que decidiu vazar os documentos para coibir a sonegação, a lavagem e a corrupção que, para ele, seriam acobertadas em parte por regras do sistema financeiro que opera em paraísos fiscais. Ele trabalhou na sede do banco, na Suíça, e depois chefiou as operações da instituição nas Ilhas Caimã. Num determinado momento, entrou em choque com a empresa e decidiu vazar um dos segredos mais cobiçados: a movimentação de dinheiro de quem tenta pagar menos impostos, esconder patrimônio ou simplesmente escapar de investigações fiscais ou criminais.

Procurados em 2011 pelo jornal O Globo, Roseana e Jorge Murad confirmaram a existência da Coronado Trust. Segundo o advogado da governadora, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Murad decidiu abrir a Trust no início da década de 90 para proteger o patrimônio. Naquele período, ele teve uma filha numa relação fora do casamento. O advogado disse, no entanto, que a Trust não recebeu ou repassou dinheiro a partir do banco Julius Baer. Ela teria sido mantida por seis anos sem qualquer movimentação.

“O depósito que aparece no arquivo de Elmer foi apenas para custear as despesas da própria trust”, disse Kakay, à época. (Oswaldo Viviani)