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Partido mais votado no país na onda de renovação que elegeu o presidente Jair Bolsonaro ano passado, o PSL não conseguiu transformar o resultado positivo que obteve nas urnas em protagonismo nos Legislativos estaduais, inclusive no Maranhão, onde a chapa que elegeu o deputado Othelino Neto (PCdoB, partido do governador Flávio Dino) presidente da Assembleia Legislativa, uniu o PSL (que fez apenas um deputado, Pará Figueiredo) ao PDT (com seis deputados, Cleide Coutinho, Fábio Macedo, Glaubert Cutrim, Rafael Leitoa, Ricardo Rio e Zito Rolim).

 

O PSL não conquistou o Legislativo nem sequer onde fez o governador ou uma bancada proporcionalmente grande, como no Rio de Janeiro.

Sem nenhuma presidência em Assembleias do país e com cargos menores em apenas seis Mesas Diretoras, a sigla tenta agora emplacar a advogada Janaína Paschoal, parlamentar mais votada do Brasil, no comando da Assembleia paulista, a única que ainda não iniciou a nova Legislatura. Os trabalhos começam na próxima sexta-feira.

Diferentemente do discurso eleitoral, o PSL se aliou nos estados a partidos que fazem oposição ao governo Bolsonaro no plano nacional, para conseguir espaço.

Além do Maranhão (onde a sigla uniu-se ao PDT, partido crítico da gestão Bolsonaro), no Acre, a articulação que levou Nicolau Júnior (PP) ao comando da Casa Legislativa uniu o partido de Bolsonaro ao PT.

No Amazonas e no Tocantins, o partido conquistou espaço nas Mesas graças a alianças com o MDB, chamada “velha política” pela sigla do presidente.

Deputados do PSL também estarão nas Mesas das Assembleias da Bahia e do Espírito Santo.

A sigla saiu da eleição de 2018 com 76 deputados estaduais eleitos, além de três governadores – em Santa Catarina, Roraima e Rondônia. Em Brasília, tem 54 deputados federais e quatro senadores.

“O que explica a situação do PSL é a inexperiência política”, diz o cientista político Kleber Carrilho, da Universidade Metodista.

“Número de votos na eleição não resolve esse problema, o de entender o funcionamento complexo das Casas. Lá dentro, o número de votos tem certa influência quando o parlamentar já tem certa experiência. Quando não a tem, não tem importância nenhuma.”.

“O panorama do PSL é uma expressão de como funciona o sistema partidário brasileiro, um dos mais fragmentados do mundo. Há um grande número de partidos sem conteúdo que os mobilize”, disse o cientista político José Alvaro Moisés, da Universidade de São Paulo.

“Isso faz do PSL um partido apenas momentâneo para viabilizar a candidatura de Bolsonaro. Não temos nenhuma segurança de que o partido vá se consolidar e formar lideranças.”

Álvaro Moisés analisa que, mesmo em Brasília e também nos estados, a falta de protagonismo do PSL pode prejudicar os trabalhos do Executivo.

“Na medida em que não tem consistência de propostas, e não tem pressão, em vez de ser uma base para o presidente se apoiar, é uma base frágil, em mutação. Nos estados, isso é mais grave ainda, já que a presença é frágil, pequena e fora das Mesas”, avaliou o analista. (Com Estadão)