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Tem sido à chinesa, de forma sutil. Mas o primeiro passo da marcha para um tratado envolvendo a China e o Mercosul acaba de acontecer. E pode ser uma das maiores decisões de política econômica externa em anos, até superior ao acordo com a União Europeia (que não deverá ser finalizado enquanto Jair Bolsonaro for presidente do Brasil). Extraoficialmente, Pequim acaba de dar seu quase silencioso OK ao bloco que reúne Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Por meio do Liaowang Institute, think tank vinculado à agência de notícias oficial Xinhua, foi veiculado um artigo tratando do bloco como potencial celeiro alimentar global, em especial após os efeitos da invasão da Ucrânia. O texto chinês, no entanto, não começa falando de agropecuária ou alimentos. Começa citando a participação do presidente uruguaio Luis Lacalle Pou (de centro-direita) na 60ª Cúpula do Mercosul no fim de julho. Pou afirmou que tentará fazer um Tratado de Livre Comércio com Pequim incluindo os parceiros de Mercosul. “Desejo chegar a um acordo com todos juntos”, disse. Mas caso não avance a ideia, Montevidéu deverá seguir sozinho. “A melhor maneira de proteger minha nação é abrindo-me ao mundo.” Na sequência o artigo cita o chanceler uruguaio Francisco Bustillo, que recentemente afirmou que o bloco precisa se modernizar. “Até hoje, o Mercosul se assemelha apenas a uma zona de livre comércio imperfeita”, disse Bustillo ao jornal local El País. Levada ao limite, a questão provocada por Montevidéu obrigará o Mercosul a decidir sobre o assunto. Um sim ou um não ao novo império global. (IstoÉ Dinheiro)