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A cúpula do Congresso Nacional cobra o governo para oficializar logo a troca no Ministério da Saúde, enquanto governadores e secretários reclamam da falta de comando e vácuo na gestão, o que impede a resolução de questões ligadas à pandemia de coronavírus. Substituído, Eduardo Pazuello segue na pasta; escolhido para o seu lugar, Marcelo Queiroga ainda não assumiu. A demora, segundo fontes do Planalto, deve-se a pendências em empresas ligadas a Queiroga, das quais ele deve se desincompatibilizar. O governo também busca um cargo para acomodar Pazuello.

“É surreal que durante o momento mais grave da pandemia tenhamos um ministro demitido que continue no cargo e um ministro escolhido que não assume. As pessoas morrendo e o país sem ministro”, afirmou Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara dos Deputados, em cobrança pública.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também aumentou o tom das críticas públicas: pediu “coordenação do presidente da República” e disse que “negacionismo se tornou uma brincadeira de mau gosto, macabra e medieval”.

Pacheco espera que o Palácio do Planalto apresente medidas concretas em reunião na quarta-feira, convocada pelo presidente Jair Bolsonaro, para a criação de um comitê sobre a pandemia. Também devem participar os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux.

Ontem, Bolsonaro rebateu críticas ao governo no combate à pandemia, dizendo que ainda não foi convencido a mudar de postura. Disse também ver  trabalho “excepcional” na disponibilização de vacinas.

A vacinação está lenta. Apenas 2,6% da população receberam as duas doses da vacina. Mantida essa velocidade, levará cerca de quatro anos e meio — ou 1.732 dias — até que todos os brasileiros sejam imunizados.

Se a vacinação seguir no ritmo atual, o número de mortos por Covid-19 no país pode mais que dobrar no segundo semestre. A projeção foi feita por pesquisadores brasileiros seguindo modelo matemático testado com sucesso na primeira onda de infecções em São Paulo. O estudo mostra que, se 50% dos brasileiros forem vacinados até junho, 150 mil vidas poderiam ser poupadas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que a pandemia está acelerando no Brasil e pediu alinhamento das ações em todas as esferas de poder. “O número de casos aumenta, o número de mortes aumenta. O Brasil tem de levar isso a sério, seja o governo, seja o povo”, disse o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom.

O Brasil registrou novos recordes nas médias móveis de casos e mortes por Covid-19. Ao todo, o país ultrapassou 295 mil mortos e 12 milhões de infectados. (Essencial – O Globo)