-->

 

O ex-presidente Lula reavivou paixões nos partidos de esquerda ao ensaiar uma aproximação com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

Lula foi a Dino depois de o comunista bater um papo com Luciano Huck e mostrar que está aberto discutir um projeto de país com o “centro” político. O ex-presidente quer o governador maranhense na canoa petista em 2022. A ideia foi lida dentro do petismo como uma provocação ao grupo do partido liderado por Rui Costa, governador da Bahia. A avaliação é do jornalista Robson Ronin, editor da coluna Radar, da VEJA online, publicada nesta quarta-feira, 29.

Segundo Radar, Lula não perdoa o governador baiano por alimentar, durante sua prisão em Curitiba, o movimento para que o PT se desvinculasse do “Lula livre”, reconhecesse a culpa pela roubalheira na Petrobras e tocasse o barco adiante.

Em setembro do ano passado, o governador baiano deu uma entrevista a VEJA. Sobre a roubalheira apurada pela Lava-Jato, disse o seguinte: “Não sou da opinião de que tudo o que foi apurado é falso ou fruto de manipulação para perseguir e condenar o PT e outros partidos de esquerda. Muitas daquelas coisas têm provas materiais”.

A fala doeu no coração lulista do partido. Rui Costa foi além. Questionado se estava na hora de o PT pensar no pós-Lula, ele primeiro acariciou com um “Lula é intrínseco ao PT” e depois cravou a estaca: “O debate não tem de ser com ou sem ele. Mas o cenário mundial mudou, a economia mudou. É preciso um novo olhar sobre gestão pública”.

Lula sabe mais do que ninguém fazer cálculos políticos. A Bahia é o quarto maior estado do país, com 14,8 milhões de habitantes. É também uma fortaleza eleitoral petista. Não fosse o ódio de Lula pelo grupo petista que tentou virar-lhe as costas na cadeia, Rui Costa seria um potencial candidato ao Planalto.

Ironicamente, a Lava-Jato tem ajudado Lula a migrar para o Maranhão de Flávio Dino. Como o Radar mostrou há duas semanas, as investigações de desvios da Petrobras chegaram ao PT baiano.