Eleito e reeleito prefeito de Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão, Assis Ramos vem colecionando polêmicas ao longo de sua permanência à frente da prefeitura. Polêmicas que, segundo ele, muitas vezes deixaram suas realizações como gestor em segundo plano, mas que se fizeram necessárias para garantir o respeito que a cidade merece. “Imperatriz não pode ser tratada como uma cidadezinha do interior. Somos a segunda maior cidade do Maranhão, temos uma economia forte, um povo trabalhador e somos referência em muitos serviços; em especial a saúde, para toda uma região” afirma o prefeito, ressaltando que tem confiança de que o governador Carlos Brandão – “o governo atual está apenas começando” – dará uma atenção especial a Imperatriz.
Assis Ramos concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno, que o portal O INFORMANTE replica neste domingo, 17.
Jornal Pequeno – Como o senhor avalia sua gestão à frente da Prefeitura de Imperatriz?
Assis Ramos – Imperatriz é uma cidade pujante, com uma economia forte, gente trabalhadora e empreendedora, referência na saúde, no comércio para toda uma região, mas que não vinha recebendo esse tratamento do Governo do Estado nem de alguns de seus gestores anteriores. Claro que esses gestores tiveram suas conquistas e deixaram seus legados, mas foi necessário fazer um grande trabalho de organização da casa, como se diz. Para se ter uma ideia, não tínhamos um plano de resíduos sólidos, não tínhamos um plano diretor, nosso código tributário era ultrapassado e partimos para enfrentar esses desafios organizando o município para acompanhar o desenvolvimento da cidade. Somos o portal da Amazônia e o meio ambiente não pode ser relegado a último plano. O rio Tocantins não pode continuar sendo a “lata de lixo” ou o esgoto da cidade, e estamos trabalhando pra mudar isso. Agora nós já estamos implantando o aterro sanitário, uma conquista importante que foi implantada por nossa gestão, e recebemos do próprio Governo do Estado um prêmio de Excelência em Gestão Ambiental pela boa prática de gestão dos resíduos sólidos.
JP – O senhor falou em falta de apoio do Governo do Estado, isso permanece com o atual governo?
AR -Podemos dizer que o atual governo está apenas começando. Ano passado foi um ano eleitoral com as particularidades que isso traz, mas temos confiança que governador Carlos Brandão dará uma atenção especial à nossa cidade. Veja: ao longo dos anos, os governos não fizeram obras estruturantes em Imperatriz. A última obra lá realizada foi a Beira-Rio. O ex-secretário de Infraestrutura, filho de Imperatriz, asfaltava algumas ruas para agradar seus cabos eleitorais, como se estivesse fazendo política numa cidadezinha do interior. Nem o bairro que mora, que diz gostar tanto, ele resolveu. Nunca chamou a gestão municipal para discutir prioridades e traçar um plano de trabalho. Fazia umas obras de qualquer jeito e o resultado era que não aguentavam um período de chuvas.
Outra de nossas grandes demandas é a questão de saneamento básico, que praticamente não existe na nossa cidade. Observe que o maior número de internações no Maranhão é por conta de doenças relacionadas à falta de saneamento básico, e eu não tenho dúvidas que nosso maior problema é a falta de saneamento básico. Hoje se conserta uma rua, mas por falta de uma rede de esgotos, com o esgoto correndo a céu aberto, que vai infiltrando no asfalto, logo a rua precisa ser recuperada novamente. Isso sem falar na saúde: centenas de pessoas internadas diariamente por conta de diarreias, verminoses, hanseníase, entre outras doenças. A população não aguenta, a cidade não aguenta, a nossa rede de saúde, em particular o Socorrão – que além de Imperatriz atende a toda a região -, também não aguenta.
JP – E qual a saída então?
AR – Contratar uma empresa que faça saneamento básico de verdade. Desde 2017 estou praticamente sozinho – politicamente falando – nessa luta. Quando comecei a questionar a Caema, cobrar que ela cumprisse com suas obrigações, muitos quiseram levar para uma questão política, como se fosse uma agressão ao então governador Flavio Dino, quando na verdade estava apenas cumprindo meu dever de defender os interesses da população de minha cidade. E, ao contrário de muitos, não me acovardei para ter favores pessoais, não fiquei calado, enfrentei o problema de frente e conseguimos avançar. Na próxima semana iremos lançar o edital de licitação para a contratação de uma nova empresa que vai fazer o saneamento básico de Imperatriz.
JP – Então a Caema deixará de prestar serviços ao município?
AR – Não tenho nada contra a Caema e seus dirigentes, que também devem ter muitos problemas, como nós temos, mas as necessidades de nossa população não foram atendidas, e temos que resolver esse problema. Não quero dizer com isso que Imperatriz vai mudar da água ‘pro’ vinho como mágica; isso demanda tempo. Porém, tenho certeza de que, de imediato, o rio Tocantins não será mais degradado, inúmeras oportunidades de emprego serão geradas, pois a empresa que vencer a licitação terá metas para atingir, investimento a fazer e caso não faça poderá ter seu contrato rescindido. Eu tenho convicção que sem saneamento básico a cidade não avança e acredito que se outros prefeitos, deputados, vereadores tivessem levantado essa bandeira a cidade já estaria bem melhor. Mas nunca é tarde para se fazer o certo
JP – Mas além dessa questão do saneamento, é muito forte a reclamação por asfaltamento e recuperação de ruas da cidade.
AR – Sim e estamos buscando soluções. Nesse momento, diversas ruas e avenidas, no centro e em diferentes bairros, estão sendo recuperadas; só na minha gestão fizemos vinte e três pontes, pois Imperatriz é cortada por riachos e córregos. O Governo do Estado também se comprometeu na recuperação de algumas ruas e estamos aguardando, mas acreditamos que com recursos também continuaremos avançando. Como disse antes, Imperatriz carece dessa atenção do Estado, mas acredito que o governador Carlos Brandão fará diferente e a nossa cidade sabe reconhecer. Um exemplo foi o ex-governador Jackson Lago, que tratou Imperatriz com o respeito que ela merece e até hoje é lembrado por nossa cidade.