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Dezenas de homens armados do grupo palestino Hamas se infiltraram no sul de Israel a partir da Faixa de Gaza num ataque surpresa realizado neste sábado, 7.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram supostos militantes palestinos atirando em transeuntes nas ruas da cidade israelense de Sderot. Também foram registrados disparos de milhares de foguetes vindos de Gaza.

Palestinos comemoram enquanto um veículo militar israelense pega fogo depois de ter sido atingido por homens armados que se infiltraram em área do sul de Israel

Logo após os ataques, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, postou um vídeo nas redes sociais dizendo que o país “está em guerra”.

“Convoquei os chefes do sistema de segurança, e antes de mais nada os instruí a limpar os assentamentos dos terroristas que se infiltraram — esta operação está acontecendo agora”, declarou ele.

O ministro da Defesa de Israel disse que o Hamas “cometeu um grave erro e lançou uma guerra” contra o próprio país.
“As tropas [israelenses] estão lutando contra o inimigo em todos os locais”, acrescentou Yoav Gallant. “O Estado de Israel vencerá esta guerra”.

Foguetes são disparados por palestinos contra Israel em Gaza

As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que entraram em prontidão para guerra e que dezenas de caças estavam realizando ataques aéreos contra instalações do Hamas em Gaza.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, diz que o seu povo tem o direito de se defender contra o “terror dos colonos e das tropas de ocupação”, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Os serviços de emergência de Israel calculam que pelo menos 40 pessoas morreram após os ataques. O ministério da Saúde do país estima que pelos menos 740 estão feridos.

O contra-ataque israelense em Gaza deixou pelo menos 161 palestinos mortos e mil feridos, segundo as autoridades locais.
Há relatos de que israelenses foram capturados e são mantidos como reféns pelos palestinos.

Nas últimas horas, líderes mundiais se manifestaram sobre o ocorrido e condenaram os atos de violência.
O jornalista Jeremy Bowen, editor de Internacional da BBC News, classificou o ataque como “surpreendente e sem precedentes”.

“Para israelenses e palestinos, esta é uma manhã totalmente inesperada e altamente preocupante”, escreveu.
Palestinos comemoram enquanto um veículo militar israelense pega fogo depois de ter sido atingido por homens armados que se infiltraram em áreas do sul de Israel

Um prédio em chamas após os ataques com foguetes vindos da Faixa de Gaza

O disparo de foguetes a partir de Gaza — que é governada pelo Hamas — começou logo após o amanhecer deste sábado, no final do feriado judaico de Sucot.

Enquanto as sirenes soavam em Israel, as FDI anunciaram que “terroristas” se infiltraram no território israelita “em vários locais diferentes”. As forças de Defesa pediram aos civis que moram na região que fiquem próximos de abrigos.

Imagens postadas na internet parecem mostrar um grupo de militantes palestinos fortemente armados, vestidos com uniformes pretos, dirigindo uma caminhonete pela cidade de Sderot.

Num outro vídeo, os mesmos indivíduos pareciam trocar tiros com as forças israelitas nas ruas da cidade, que fica a apenas 1,6 km de Gaza.

O canal de televisão israelense Reshet 13 relata que militantes palestinos estão mantendo israelenses como reféns na cidade de Ofakim, no sul do país, segundo a Reuters.

Vídeos não verificados que foram compartilhados pelas redes sociais parecem mostrar palestinos capturando civis e transportando-os de moto para Gaza.

Fumaça sobe após ataques israelenses em Gaza

As autoridades israelenses afirmaram que não comentarão este assunto e a BBC News até agora não conseguiu verificar os relatos.

No entanto, um porta-voz do Hamas disse à rede de notícias Al Jazeera que “eles [os israelenses] não são reféns — são prisioneiros de guerra”.

O grupo Jihad Islâmica, que opera em Gaza, afirmou que combatentes capturaram “muitos” soldados israelenses. Em uma postagem no Telegram, um porta-voz que se autodenomina Abu Hamza afirma:

“Confirmamos que as Brigadas al-Quds capturaram muitos soldados sionistas, que estão prisioneiros em nossas mãos.”
A Jihad Islâmica é um dos vários grupos militantes que operam em Gaza. A Brigada Quds é o braço armado da organização, que coopera com o Hamas, mas mantém uma posição de independência.
A Jihad Islâmica também atua na Cisjordânia e já realizou vários ataques contra israelenses.

Há relatos não confirmados nos meios de comunicação palestinos de que vários israelitas foram capturados por militantes. Também circulam imagens de palestinos em Gaza conduzindo veículos militares de Israel.

Enquanto isso, os disparos de foguetes continuaram a acontecer durante a manhã de sábado. A mídia local informa que mais de 2,2 mil projéteis haviam sido lançados até o momento contra Israel.
Um alto comandante militar do Hamas anunciou o início da operação numa transmissão pelos meios de comunicação do grupo, apelando que palestinos de todo o mundo lutem.

“Este é o dia da maior batalha para acabar com a ocupação”, disse Mohammed Deif.

Militares israelenses avançam em uma estrada no sul de Israel

Evento ‘sem precedentes’ – Para Jeremy Bowen, editor de Internacional da BBC News, os últimos acontecimentos em Israel não tem precedentes nos mais de 15 anos desde que o Hamas ganhou controle sob a faixa de Gaza.

“O ataque ocorre depois de meses de violência e tensão crescente entre israelenses e palestinos, embora a maior parte dos conflitos esteja concentrada na Cisjordânia, que é o território ocupado por Israel desde 1967, que se estende entre Jerusalém e a fronteira com a Jordânia”, escreve ele.
“A situação atual vai evoluir rapidamente e é provável que se agrave. Uma grande questão é o que acontece agora — não apenas nos arredores de Gaza — mas também em Jerusalém e na Cisjordânia, onde há meses se verifica uma violência cada vez mais profunda.”

“Para israelenses e palestinos, esta é uma manhã totalmente inesperada e altamente preocupante”, conclui Bowen.
Já Frank Gardner, correspondente de segurança da BBC News, avalia que “os eventos das últimas horas revelam uma colossal falha de inteligência de Israel”.
“O país possui uma das redes de inteligência mais extensas e sofisticadas do Oriente Médio. Israel mantém informantes em grupos militantes não apenas nos territórios palestinos, mas também no Líbano, na Síria e em outros locais.”
“O Hamas conseguiu planejar e lançar este ataque cuidadosamente coordenado contra Israel, aparentemente em total sigilo”, escreve Gardner.
“Israel retaliará com força maciça, como se espera. Mas os israelenses se perguntarão agora por que é que os espiões do país não previram e alertaram sobre esse ataque.”
Reações pelo mundo – O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, denunciou relatos de civis feitos reféns. Ele classificou o ato como uma violação do Direito Internacional e exigiu a libertação deles.
Borrell publicou nas redes sociais: “A notícia de civis mantidos como reféns em casa ou em Gaza é terrível. Vai contra o Direito Internacional. Os reféns devem ser libertados imediatamente.”
“Esta violência horrível deve parar imediatamente. O terrorismo e a violência não resolvem nada.”

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, declarou estar “chocado pelos ataques promovidos pelo Hamas contra cidadãos israelenses”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, condenou veementemente os ataques, e expressou “total solidariedade com as vítimas, as famílias e os entes queridos”.

Já a ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que “a violência e os mísseis contra civis inocentes devem parar agora”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu o ataque como “terrorismo na sua forma mais desprezível”.

Os Estados Unidos condenaram a violência e instaram ambos os lados a não retaliarem mais.
Já representantes das Relações Exteriores da Rússia pediram “moderação” aos envolvidos.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, deu apoio ao ataque palestino a Israel.
“Parabenizamos os combatentes palestinos”, disse Rahim Safavi, segundo a agência de notícias ISNA.
“Apoiaremos os combatentes até à libertação da Palestina e de Jerusalém”, afirmou ele. (BBC News Brasil).

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