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O Exército Brasileiro lançou uma cartilha intitulada “Prevenção ao Vício de Apostas” com o objetivo de evitar que apostas esportivas online, conhecidas como bets, transformem praças e oficiais em militares endividados e com problemas psicológicos. O material, disponível no site da Diretoria de Assistência ao Pessoal do Exército, também é tema de palestras realizadas por oficiais, psicólogos e assistentes sociais em mais de 600 organizações militares no país.

Embora não existam dados estatísticos precisos sobre o problema, ele foi mencionado pelo general Alcides Valeriano de Faria Júnior, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx), durante uma aula para jornalistas no início de julho. Segundo o general, as apostas eletrônicas se tornaram uma preocupação para a instituição.

Oficiais relataram à reportagem da Folha de São Paulo que há temor de que o vício em apostas online possa levar a situações extremas, como aumento nas taxas de suicídio e crimes decorrentes de endividamento, como furtos em quartéis. Durante as palestras, os militares destacam que o vício pode causar problemas físicos e mentais, incluindo ansiedade e depressão.

Problemas associados ao vício em apostas:

– Perda de controle
– Sintomas de abstinência
– Problemas psicológicos
– Danos sociais
– Persistência do jogo apesar dos riscos
– Problemas familiares, sociais e profissionais

Além de afetar a saúde física e mental da tropa, o vício pode comprometer a capacidade dos militares de cumprir suas missões. “A prevenção, de todos os cadernos [há várias ações socioassistenciais no programa, inclusive para outros tipos de endividados], visa que o militar esteja pronto para cumprir a missão dele”, afirma o capitão Souza Dias, da Diretoria de Assistência ao Pessoal. O documento é chamado de “cartilha viva” devido às constantes atualizações necessárias para acompanhar a evolução dos jogos online.

Sintomas de vício em jogos:

– Passar tempo demais nas telinhas
– Pensar sobre jogos por muito tempo
– Sentir-se ansioso ou tenso quando não está jogando
– Gastar quantias descontroladas em jogos
– Aumento na irritabilidade ou impaciência
– Necessidade de estar conectado o tempo todo
– Mentir sobre jogar
– Sentimento constante de culpa
– Indisponibilidade
– Distanciamento ou isolamento
– Problemas de organização
– Procrastinação
– Dificuldade de se inserir em situações sociais

A cartilha, publicada originalmente em 17 de julho de 2023 e atualizada em maio passado, destaca a importância da identificação precoce dos fatores de risco e a necessidade de buscar ajuda. “As sequelas do vício em jogos ocorrem do mesmo modo que acontecem com outros problemas de saúde mental”, diz o documento. “O caminho mais adequado é obter o tratamento precoce.”

O documento também destaca a necessidade de acolhimento e orientação para os militares com transtorno de jogos, incentivando a busca de ajuda profissional. As orientações incluem sessões de assistência social, psicoterapia, tratamento com medicamentos e adesão a grupos de apoio de jogadores anônimos.

Iniciativas das Forças Armadas

A Marinha e a Aeronáutica também estão tratando do assunto. A Força Aérea Brasileira (FAB) lançou o Programa de Educação Financeira (PEF), que inclui um cronograma relacionado aos gastos com apostas. A Marinha, por meio da Diretoria de Assistência Social (DASM), implementou iniciativas de prevenção e conscientização sobre jogos patológicos, como palestras socioeducativas e rodas de conversa.

O psiquiatra Rodrigo Machado, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, reforça que o tratamento do vício em jogos requer uma equipe multidisciplinar e a participação ativa da família. “O melhor é buscar ajuda rápido”, afirma.

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