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*Por Mario Sabino 

Ao que parece, a meta econômica do governo é levar o dólar à cotação de 6 reais.

Dólar alto aumenta a dívida das empresas que pegaram empréstimos na moeda americana, encarece os produtos comprados no exterior, da blusinha ao insumo agrícola, e alimenta a inflação.

O que também é ótimo porque o Banco Central terá de manter a taxa básica de juros lá no alto.

Quer dizer, se houver Banco Central depois da saída do presidente Roberto Campos Neto.

Enquanto atua com firmeza para levar o dólar ao maior alto patamar possível, o governo exibe muita competência na arte de gastar os tubos, elevando a sua dívida e tendo de imprimir mais dinheiro para pagar os papagaios a juros de mercado estratosféricos, o que resulta em aperto de crédito para todo mundo.

De qualquer ângulo que se olhe, o contexto é propício a um revigorante mergulho no abismo.

Há, por exemplo, a farra das emendas, com o Executivo atuando em perfeita harmonia com o Legislativo, como recomenda o nosso pitoresco regime democrático defendido mais com dentes do que com unhas.

O governo, reporta o jornalista Daniel Weterman, vai distribuir R$ 30 bilhões em emendas de toda sorte antes das eleições municipais.

É o maior valor já pago na história em período que antecede as eleições, 60% do volume previsto para o inteiro 2024.

Tudo para “viabilizar obras e atender à população nos municípios”, você deixe de ser maldoso.

Boa parte do dinheiro é oriunda do aparentemente infindável orçamento secreto — que só era um problema na época de Jair Bolsonaro, assim como as queimadas na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado — e daquela outra invenção maravilhosa que leva o nome de emendas pix.

A tecnologia das emendas pix é de uma apaixonante simplicidade brasileira: o parlamentar manda depositar dinheiro na conta de um estado ou de um município, sem precisar dar explicação nenhuma.

Ninguém é informado do motivo da transferência instantânea da bufunfa, se houve critério técnico ou qualquer emergência.

Se um cidadão quiser saber, tem de esperar sentado pela resposta do governador ou do prefeito.

A resposta verdadeira dificilmente será dada, embora o TCU tenha ordenado que se faça prestação de contas, porque as emendas fix vêm sendo usadas para patrocinar candidaturas lá nos feudos dos parlamentares.

Tudo em prol da democracia, mas é bom evitar tocar em assunto tão sensível para você não virar titica de cachorro. Temos de acreditar.

E vamos adiante, skindô, skindô, rumo ao dólar a 6 reais lá no fundo do abismo.

Para tudo dar certo, agora só falta congelar o preço do combustível, que tem como base a moeda americana.

Quem mergulhar por último é mulher do padre.

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