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Um relatório entregue à Presidência da República há pelo menos 10 anos advertiu sobre chuvas intensas no Sul do Brasil devido às mudanças climáticas e sugeriu medidas a serem tomadas.

No entanto, esse estudo foi negligenciado devido às previsões inconvenientes que trouxe.

Encomendado em 2014 durante a gestão de Dilma Rousseff, o relatório “Brasil 2040: cenários e alternativas de adaptação à mudança do clima” previu uma série de impactos, incluindo elevação do nível do mar, aumento das mortes por ondas de calor, colapso de hidrelétricas, escassez de água no Sudeste, agravamento das secas no Nordeste e aumento das chuvas no Sul.

Embora tenha custado R$ 3,5 milhões na época e tenha envolvido mais de 30 pesquisadores de diferentes universidades brasileiras, o relatório foi engavetado pelo próprio governo Dilma e não foi utilizado para mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas.

Um aspecto destacado no estudo foi o aumento das chuvas no extremo sul do país em mais de 15%.

Entre as medidas recomendadas pelos pesquisadores estavam a elaboração de planos de contingência para eventos de cheias, bem como sistemas de alerta e adaptação da drenagem urbana.

No entanto, uma das previsões inconvenientes para o governo foi a possibilidade de redução da água nas bacias hidrográficas devido às secas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte, o que poderia impactar a produção de energia elétrica das hidrelétricas.

O estudo trouxe preocupações específicas em relação à construção da Usina de Belo Monte, sugerindo que sua capacidade de produção de energia poderia ser reduzida em até 50% devido à seca.

Após uma reunião na qual as conclusões do estudo foram apresentadas ao Governo Federal, houve uma reforma ministerial e a equipe responsável pelo estudo foi substituída.

O projeto “Brasil 2040” foi encerrado e as informações deixaram de ser públicas.

Em outubro de 2015, um mês antes da Conferência de Paris sobre o clima, o governo decidiu lançar o estudo de forma discreta e incompleta.

O sumário executivo foi produzido pela equipe que cancelou o programa, e o relatório foi rotulado como “alarmista” pela própria Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência.

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