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Um golpe de estado teria sido discutido, no fim do ano passado, entre o ex-major do Exército Ailton Barros, e Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro preso nessa quarta-feira, 3, durante uma operação da Polícia Federal que mirou, também, o ex-presidente da República. As informações foram divulgadas pela jornalista Daniela Lima, da CNN.

Ailton Barros (à esq.) e Mauro Cid (à dir.) foram presos ontem em operação da Polícia Federal Imagem: Reprodução/Facebook e Alan Santos/PR

Ailton Barros, segundo a PF,  integrou uma suposta associação criminosa que teria forjado registros de vacinas para o ex-ajudante de ordens e outras pessoas, incluindo Jair Bolsonaro.

A CNN teve acesso à transcrição de três áudios, que estão em posse da Polícia Federal. Nos arquivos, Ailton descreve o “conceito da operação”. No plano, deveria haver participação do então comandante do Exército, Freire Gomes, ou de Jair Bolsonaro, então presidente da República.

Também foi idealizada a prisão de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O suposto plano – No dia 15 de dezembro, ele diz: “É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”.

Conforme explicou Leandro Resende, analista de Política da CNN, Freire Gomes assumiu o comando do Exército em março de 2022, ficando no posto até dezembro do mesmo ano.

“Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil”, complementa.

Ele ressalta a necessidade de Gomes ou Bolsonaro realizarem o pronunciamento comentado no áudio, destacando “de preferência, o Freire Gomes. Aí, vai ser tudo dentro das quatro linhas”.

O ex-militar pontua que seria necessário ter, até o dia seguinte, 16 de dezembro, pela tarde, “todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos.

“Pô [sic], não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?”, indaga.

Ailton continua descrevendo o plano, afirmando que “se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”. “Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”, adiciona.

De acordo com o que diz o advogado a Cid no áudio, a ideia é que na segunda-feira, 19 de dezembro, fossem lidas as portarias, decretos de garantia da Lei e da Ordem e “botar [sic] as Forças Armadas, cujo Comandante Supremo é o presidente da República, pra agir”.

Não foi possível saber o que Mauro Cid respondeu ao ex-militar.

A CNN entrou em contato com Jair Bolsonaro, Mauro Cid, Ailton Barros e Freire Gomes e aguarda retorno. (Com CNN)

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