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Está confirmado: o empresário Fernando Sarney, filho do ex-senador e ex-presidente da República José Sarney (MDB) e irmão da candidata ao governo do Maranhão Roseana Sarney, está na agenda do megadoleiro Dario Messer, chefe do esquema bilionário de lavagem de dinheiro desbaratado pela Operação Câmbio, Desligo, da Polícia Federal (PF). Fernando é superintendente do Sistema Mirante (cuja TV retransmite a Rede Globo no Maranhão), maior rede de comunicação do estado. Messer está foragido.

O site O Antagonista obteve com exclusividade a agenda do doleiro, que está em mãos da PF. O site do Jornal do Brasil já havia publicado a informação em primeira mão.

O documento revela que Messer era muito bem relacionado. A Lava Jato vai agora cruzar esses dados com as quebras de sigilo bancário, telefônico e telemático do doleiro e de seu grupo.

O objetivo é descobrir quem eram seus clientes, ou seja, quem efetivamente se beneficiou dos serviços do doleiro, que operava um verdadeiro banco paralelo num paraíso fiscal.

Na agenda de Messer, estão políticos como o deputado federal Hugo Leal (PSD) e o presidente do PSC, Pastor Everaldo; e filhos de políticos, como Felipe Picciani, além de Fernando Sarney.

Também constam da agenda os empresários Álvaro Garnero, Alexandre Accioly e Daniel Birmann; e os advogados Ary Bergher e Fernando Hargreaves.

Salvo raras exceções, os nomes indicados na agenda de Messer já foram citados em alguma investigação.

Fernando Sarney, por exemplo, foi alvo da Operação Boi Barrica (rebatizada Faktor), que foi levada a cabo de 2007 a 2008 e descobriu um grande esquema de sangria dos cofres federais em grandes obras de áreas dos Transportes e de Energia, principalmente.

Fernando foi indiciado em cinco crimes: lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsidade ideológica, gestão irregular de instituição financeira e evasão de divisas. No entanto, a Justiça anulou todas as provas obtidas pela PF por meio de ‘grampos’ (interceptações) telefônicos e de e-mails e inviabilizou a condenação do empresário.

Há também na agenda de Messer delatores, como Lúcio Funaro e Hamylton Padilha, importantes operadores do MDB.

O Antagonista conseguiu entrar em contato com Hugo Leal e Pastor Everaldo – e aguarda manifestação dos demais.

Leal disse que conheceu Messer por meio do advogado Arnon Velmovitsky, de quem é amigo. O deputado garante que nunca realizou qualquer operação com o doleiro. “Nunca nem falamos de política, só de questões familiares mesmo.”

Pastor Everaldo disse que manteve apenas um encontro com o megadoleiro, numa missão parlamentar a Israel, capitaneada por Eduardo Cunha, em 2015. “Quem me apresentou o Dario foi o Arnon, que é meu amigo.”

Horacio Cartes e Larissa Riquelme na agenda de Messer

Na agenda de Dario Messer, obtida com exclusividade por O Antagonista, há também números de celulares e emails pessoais do presidente paraguaio, Horacio Cartes, e de seus filhos Jorge e Sarah.

Como já revelado pela imprensa paraguaia, Cartes chamava Messer de “meu irmão de alma”. Dias atrás, a polícia local descobriu o jatinho do doleiro no hangar do grupo Cartes.

Também estão na agenda de Messer o empresário José Ortiz Escauriza, homem de confiança de Cartes; o senador Luis Alberto Castiglioni e o deputado Ancho Ramirez, que foi presidente da Câmara dos Deputados.

Constam ainda o empresário Carlos Zuccolillo, marido da ministra da Justiça, Sheila Abed; além do ex-ministro da Agricultura Jorge Gattini, e o ex-vice-ministro de Energia Emilio Buongermini.

O megadoleiro tinha em sua agenda, hoje nas mãos da Lava Jato, até o celular da atriz e modelo Larissa Riquelme, que ficou famosa na Copa de 2010 por guardar o celular entre os seios.